Nesta quarta-feira (26), a Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o arquivamento definitivo do inquérito que investigava o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), por suposta omissão nos atos de 8 de janeiro de 2023, quando vândalos invadiram as sedes dos Três Poderes em Brasília.
O pedido, assinado pelo procurador-geral Paulo Gonet, baseia-se em um relatório da Polícia Federal (PF) que concluiu não haver evidências de crime cometido por Ibaneis, jogando por terra uma narrativa que, segundo críticos, foi explorada politicamente e criminosamente pela esquerda para desgastar o governador.
A investigação, aberta logo após os eventos de 8 de janeiro, buscava apurar se Ibaneis teria sido conivente ou omisso diante da invasão que abalou a capital. Na época, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, chegou a afastar o governador por 66 dias, uma medida que alimentou acusações de que ele teria facilitado os atos golpistas.
No entanto, a PF, após dois anos de diligências, não encontrou provas de que Ibaneis tenha interferido no planejamento de segurança, omitido informações às autoridades federais ou impedido a repressão aos manifestantes. O relatório destaca ainda que o governador colaborou plenamente, entregando celulares e realizando 36 ligações a autoridades no dia da invasão para coordenar ações.
O pedido de arquivamento da PGR desmonta um discurso que, desde 2023, tem sido usado como arma política. Setores da esquerda, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), apontaram Ibaneis como responsável por uma suposta leniência que teria permitido o caos.
Lula, em mais de uma ocasião, citou o episódio para criticar adversários e reforçar a tese de um golpe orquestrado — uma narrativa que agora perde força com a ausência de provas contra o governador.
“Esgotadas as diligências, não há justa causa para prosseguir contra Ibaneis”, afirmou Gonet, endossando a conclusão da PF de que as falhas recaem sobre outros agentes, como o ex-secretário de Segurança Anderson Torres, já denunciado.
A decisão expõe o uso político de denúncias frágeis e reacende o debate sobre a instrumentalização de investigações no Brasil. Para apoiadores de Ibaneis, o caso é exemplo de como uma mentira repetida — a suposta cumplicidade do governador — foi sustentada por dois anos na tentativa de transformá-la em verdade, um expediente que teria sido adotado para enfraquecer sua gestão, hoje marcada por avanços como a eletromobilidade em Brasília. Críticos do governo federal, por sua vez, acusam Lula de ter agido de forma irresponsável ao amplificar as suspeitas sem base concreta, especialmente em um momento de polarização.
Agora, a palavra final cabe a Alexandre de Moraes, relator do caso no STF. Embora o ministro não seja obrigado a seguir a recomendação da PGR, é praxe que pedidos de arquivamento sejam acatados quando o Ministério Público, titular da ação penal, conclui pela inexistência de crime.
Se confirmado, o desfecho será uma vitória de Ibaneis e da verdade, que poderá focar em sua sucessão em 2026, e um revés para quem apostou no desgaste político do governador. Mais que isso, o episódio serve de alerta: em tempos de narrativas inflamadas, a verdade, ainda que tardia, pode desarmar até as mentiras mais bem ensaiadas.