Após nova denúncia, Vereador pede à Arquidiocese que Julio Lancellotti seja afastado

Rubinho Nunes teria tomado decisão após a Arquidiocese de São Paulo informar que vai investigar denúncias contra o sacerdote

Vereador Rubinho Nunes Foto: André Bueno/Rede Câmara

Autor do pedido para instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Municipal de São Paulo que mira o padre Julio Lancellotti, o vereador Rubinho Nunes (União Brasil) fará à Arquidiocese de São Paulo um pedido formal de afastamento do sacerdote. A informação foi publicada pelo jornal Folha de São Paulo nesta terça-feira (6).

Segundo o veículo, o vereador teria tomado a decisão após a Arquidiocese afirmar em nota, nesta segunda (5), que tomou conhecimento de um “suposto novo fato de abuso sexual” e de “laudos periciais com resultados contraditórios” envolvendo o padre e que decidiu abrir uma investigação para buscar “a verdade”.

No comunicado desta segunda, a Arquidiocese sustentou não ter arquivado as denúncias recentes contra o padre e disse continuar atenta a todos os fatos denunciados.

– Não houve e não há arquivamento dessa atual denúncia, e a Arquidiocese segue atenta aos ulteriores elementos sobre os fatos denunciados e a toda investigação séria, fazendo o que lhe compete conforme a norma da Igreja e investigando o caso na área de sua competência, distante de interesses ideológicos e políticos, com serenidade e objetividade – disse a autoridade religiosa.

SOBRE AS DENÚNCIAS CONTRA O PADRE
No dia 22 de janeiro, Nunes protocolou na Câmara um vídeo que retratava um homem se masturbando, e um parecer que dizia atestar que a pessoa no vídeo era o padre. O vereador Milton Leite (União Brasil), presidente da Casa, enviou o conteúdo à Arquidiocese.

No último dia 30 de janeiro, um novo caso sobre o líder religioso veio à tona. Em entrevista à Revista Oeste, o jornalista Cristiano Gomes disse ter sido abusado sexualmente pelo padre em 12 de maio de 1987, quando tinha 11 anos. Em sua fala, Cristiano disse que o fato ocorreu após a missa de sétimo dia de sua avó, quando ele foi à sacristia para chorar a perda.

Arquidiocese vai apurar nova denúncia contra Julio Lancellotti

Ex-coroinha declarou que foi abusado sexualmente pelo padre

A Arquidiocese de São Paulo emitiu uma nota para dizer que investigará a denúncia feita pelo jornalista Cristiano Gomes contra o padre Julio Lancellotti. Gomes foi coroinha da igreja e alega ter sido abusado sexualmente pelo padre em 12 de maio de 1987, quando tinha 11 anos.

A Igreja afirma que está em “busca da verdade” e quer ouvir o denunciante a respeito do relato feito por ele para a Revista Oeste no dia 30 de janeiro deste ano.

Em sua fala, Cristiano Gomes diz que o fato ocorreu após a missa de sétimo dia de sua avó, quando ele foi à sacristia para chorar a perda.

– Nesse momento, o padre entrou e me abraçou, um abraço que parecia ser afetuoso. Eu tinha muita admiração por ele e recebi aquele abraço como se fosse de um pai. Ele me abraçava e falava “te gosto muito, não fique assim”. Só que isso evoluiu. A barba dele, por fazer, começou a roçar no meu rosto, ele apertou mais o corpo contra o meu e começou a fazer movimentos — ou seja, esfregar-se em mim. Naquele momento, senti que ele estava excitado. Toda aquela admiração que eu tinha por ele virou medo. Eu me desvenciliei dos braços dele, saí correndo e nunca mais voltei à igreja – falou.

E continuou:

– As pessoas conhecem o personagem padre Julio. Mas eu, da pior maneira possível, conheci o homem Julio Renato Lancellotti – disse o jornalista.

A nota da Arquidiocese explicou ainda que o caso envolvendo um vídeo no qual o padre Julio Lancellotti faz uma chamada erótica para um menor não foi arquivado.

– O arquivamento mencionado naquela nota referia-se ao procedimento investigativo realizado pela Cúria Metropolitana em 2020 (…). A recente divulgação de laudos periciais com resultados contraditórios e a notícia de um suposto novo fato de abuso sexual envolvendo o referido sacerdote requerem uma nova investigação da parte da Arquidiocese para a busca da verdade – diz o documento.

LEIA NA ÍNTEGRA:
Diante das interpretações equivocadas e amplamente divulgadas na opinião pública sobre a Nota de Esclarecimento da Arquidiocese de São Paulo, publicada no dia 23 de janeiro de 2024, a respeito da denúncia contra o padre Julio Renato Lancellotti, recebida da presidência da Câmara Municipal de São Paulo no dia 22 do mesmo mês, esclarecemos o seguinte:

1. Não houve e não há arquivamento dessa atual denúncia e a Arquidiocese segue atenta aos ulteriores elementos sobre os fatos denunciados e a toda investigação séria, fazendo o que lhe compete conforme a norma da Igreja e investigando o caso na área de sua competência, distante de interesses ideológicos e políticos, com serenidade e objetividade.

2. O arquivamento mencionado naquela nota referia-se ao procedimento investigativo realizado pela Cúria Metropolitana em 2020. É o que já se dizia na mesma nota de 23 de janeiro.

3. A recente divulgação de laudos periciais com resultados contraditórios e a notícia de um suposto novo fato de abuso sexual envolvendo o referido sacerdote requerem uma nova investigação da parte da Arquidiocese para a busca da verdade.

São Paulo, 5 de fevereiro de 2024.
Padre Michelino Roberto
Vigário Episcopal para a Pastoral da Comunicação da Arquidiocese de São Paulo.