Gilmar defende apuração sobre métodos da Lava Jato: “Tortura”

Ministro defendeu que um inquérito apure as práticas adotadas pela força-tarefa da operação nos últimos anos

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta terça-feira (9), na sessão de julgamentos da Segunda Turma, que a Operação Lava Jato praticava “tortura” e defendeu uma investigação sobre os métodos usados pela força-tarefa.

– Teria que ter inquérito para saber o que se passou. As pessoas só eram soltas, liberadas, depois de confessarem e fazerem acordo. Isso é uma vergonha e nós não podemos ter esse tipo de ônus. Coisa de pervertidos. Claramente se tratava de prática de tortura usando o poder do Estado – afirmou.

O decano do STF afirmou que, após ler o livro escrito pelo empresário Emilio Odebrecht, ficou convencido de que a força-tarefa de Curitiba forçou delações premiadas.

– São páginas que envergonham a Justiça. O que se fez em Curitiba, nessa chamada República de Curitiba, com a Lava Jato, nós temos que fazer um escrutínio muito severo, porque se trata de algo extremamente grave – seguiu o ministro.

Gilmar afirmou ainda que, embora os nomes mais conhecidos da operação tenham deixado as funções, suas condutas deveriam ser investigadas. O ex-juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato no auge da investigação, e o ex-procurador da República Deltan Dallagnol, que foi coordenador da força-tarefa de Curitiba, são hoje respectivamente senador e deputado.

– É uma vergonha. Eu acho que o CJF (Conselho da Justiça Federal) deveria investigar, a despeito deles terem deixado já as funções, porque se trata de corrigir para que isso não mais se repita – defendeu.

Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite da última segunda-feira (8), Gilmar Mendes já havia atacado a operação. Ele afirmou que Curitiba foi o “germe do fascismo” e ajudou a eleger o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2018.