Caminhoneiros bloqueiam rodovias em pelo menos 9 estados e causam preocupação no mercado

PRF registra 67 bloqueios de caminhoneiros; entidade vê movimento político

A maior manifestação concentra-se no estado de Santa Catarina, com cinco rodovias federais atingidas por bloqueios

SÃO PAULO — Um dia depois de ocupar as ruas, as manifestações pró-governo de Jair Bolsonaro (sem partido) tomaram as rodovias em parte do país nesta quarta-feira (8).

A PRF (Polícia Rodoviária Federal) registrou ao menos 67 bloqueios em rodovias federais de oito estados organizados por caminhoneiros autônomos. A informação foi confirmada pelo Ministério da Infraestrutura.

Os bloqueios começaram ontem, com os movimentos do 7 de e apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), e seguiram ao longo desta quarta-feira (8)

Segundo boletim mais atualizado da PRF (Polícia Rodoviária Federal), estradas federais que cortam os estados de Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Paraná e Santa Catarina registravam bloqueios coordenados por caminhoneiros autônomos até o final da tarde desta quarta.

Os protestos, que começaram no período da manhã, não foram reivindicados por nenhuma das principais entidades que representam a categoria.

O próprio ministério da Infraestrutura do governo federal disse, por nota, que os atos desta quarta não possuem uma coordenação de qualquer entidade setorial do transporte rodoviário de cargas e que as pautas das manifestações são muito amplas.

A maior manifestação concentra-se no estado de Santa Catarina, com cinco rodovias federais atingidas por bloqueios. São elas: BRs 101, 280, 116, 470 e 282.

Segundo boletim mais atualizado pela Polícia Rodoviária Federal de Santa Catarina, a BR-280 apresentava o maior número de bloqueios, com cinco pontos de barreira distribuídos pela região de três municípios.

No Espírito Santo, as mobilizações continuavam a atrapalhar o tráfego em quatro rodovias (BRs 101, 262, 447 e 482) com 12 pontos de bloqueio. No Paraná, trechos de ao menos três rodovias (BRs 277, 476 e 376) continuavam bloqueados e “sem previsão de término”, de acordo com a PRF.

No Maranhão, os atos também atingiram a movimentação de balsas. Em Mato Grosso do Sul, as interdições foram realizadas por indígenas em diferentes pontos da BR-163, que está sendo liberada aos poucos com o auxílio dos policiais rodoviários.

Ainda não se sabe quando as rodovias afetadas serão totalmente liberadas pelos manifestantes. A PRF disse que acompanha os atos e que mantém equipes para orientar os motoristas atingidos pelas manifestações.

Para o mercado, os atos atrapalharam o desempenho das ações, sobretudo, da Petrobras (PETR4 ; PETR3), que fecharam em queda de 5,63% nas preferenciais e de 5,55% nas ordinárias.

A preocupação recai sobre como as paralisações poderão influir no preço dos combustíveis, que já está muito caro. O Ibovespa fechou com queda de 3,8% nesta quarta — o maior recuo desde março deste ano.

Repúdio

A Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística) disse, por nota, que repudia as paralisações organizadas por caminhoneiros autônomos com bloqueio do tráfego em diversas rodovias sob a influência de “supostos líderes da categoria”.

“Trata-se de movimento de natureza política e dissociado até mesmo das bandeiras e reivindicações da própria categoria, tanto que nem tem o apoio da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos”.

Para a NTC, os bloqueios poderão causar “sérios transtornos à atividade de transporte realizada pelas empresas, com graves consequências para o abastecimento de estabelecimentos de produção e comércio, atingindo diretamente o consumidor final”.

A entidade diz esperar que o governo federal e os estados adotem providências para assegurar às empresas de transporte rodoviário de cargas “o pleno exercício de seu direito de ir e vir e de livre circulação nas rodovias em todo o território nacional”.