Loteiros do Paranoá e Itapoã ficam famosos no DFTV

Por Renata Zago e Fred Ferreira, TV Globo

Justiça analisa denúncia contra PMs acusados de controlar transporte pirata

Justiça analisa denúncia contra PMs acusados de controlar transporte pirata

A Justiça do Distrito Federal analisa um suposto esquema de propina paga a policiais militares para liberar o transporte pirata em duas regiões – Itapoã e Paranoá.

A TV Globo teve acesso à íntegra do processo que tramita no Tribunal de Justiça. Entre as provas, está uma investigação feita pela inteligência da Polícia Militar, entre 2016 e 2018, sobre o esquema.

Segundo denúncia do Ministério Público, os PMs Ricardo Wagner Borges Caland; Fernando Nonato da Silva; Quirino dos Santos, Leandro Gomes Da Silva, e o major Nelimar Nunes formaram uma organização criminosa com o objetivo de obter vantagens indevidas que quem fazia transporte pirata na capital.

Justiça analisa pagamento de propina a PMs para liberar transporte pirata no DF — Foto: TV Globo/Reprodução

Justiça analisa pagamento de propina a PMs para liberar transporte pirata no DF — Foto: TV Globo/Reprodução

“Constituíram e integraram organização criminosa, com o objetivo de obter indevidas vantagens pecuniárias (propinas) naturezas de loteiros, intermediários e outras pessoas envolvidas com o transporte irregular de passageiros nas regiões do Paranoá e Itapoã/DF”.

Os advogados de defesa dos suspeitos disseram que vão provar inocência dos clientes (veja abaixo).

Justiça analisa pagamento de propina a PMs para liberar transporte pirata no DF — Foto: TV Globo/Reprodução

Justiça analisa pagamento de propina a PMs para liberar transporte pirata no DF — Foto: TV Globo/Reprodução

Para o MP e a polícia, era o major Nelimar que coordenava o esquema. Como forma de coagir os chamados loteiros, os PMs multavam constantemente os piratas que não aderiam ao pagamento da propina, retendo os documentos deles por tempo prolongado.

MP denuncia pagamento de propina a PMs para liberar transporte pirata no DF — Foto: TV Globo/Reprodução

MP denuncia pagamento de propina a PMs para liberar transporte pirata no DF — Foto: TV Globo/Reprodução

Segundo o MP, cada pirata pagava R$ 150 por carro a cada semana. A denúncia aponta ainda que, para não chamar atenção, o pagamento para os PMs era feito em comércios do Itapoã. Os policiais recolhiam o dinheiro usando ps carros da corporação.

Ainda de acordo com a denúncia, os piratas que aderiam ao esquema circulavam livremente pelas duas regiões administrativas do DF. Pelo menos 50 loteiros participavam da fraude – o que, para o Ministério Público – rendia cerca de R$ 30 mil por mês à organização criminosa.

Conversas telefônicas

A denúncia é baseada em conversas telefônicas gravadas com autorização da Justiça. Em uma delas, Evandro – citado como um dos loteiros do suposto esquema – conversa com o sargento Fernando Nonato durante uma fiscalização.

Justiça analisa pagamento de propina a PMs para liberar transporte pirata no DF — Foto: TV Globo/Reprodução

Justiça analisa pagamento de propina a PMs para liberar transporte pirata no DF — Foto: TV Globo/Reprodução

Os cinco policiais militares foram presos em setembro de 2018. No entanto, em fevereiro deste ano, a Justiça decidiu soltá-los, mas com algumas restrições – como usar tornozeleiras eletrônicas por 90 dias e ficar em casa à noite nos fins de semana.

O porte de armas também foi suspenso e eles ficaram proibidos de se comunicar com testemunhas e ex-colegas de batalhão. Todos foram afastados do policiamento ostensivo, devendo trabalhar na área administrativa da corporação – longe da unidade do Paranoá.

O que dizem as defesas

A defesa do sargento Fernando Nonato respondeu que não há envolvimento dele no suposto esquema e que as testemunhas, em acareação, não reconheceram o militar, que já está na reserva.

A advogada do sargento Ricardo Calend disse que vai provar a inocência dele e que o militar “sempre foi um profissional zeloso, correto e jamais teria condutas ilegais”.

A defesa do soldado Leandro Gomes afirmou que houve falhas no inquérito, que o policial “é muito atuante”, e que espera a conclusão da fase de perícia nos bens apreendidos para apresentar as alegações finais.

A reportagem não conseguiu localizar os advogados do sargento Valdemir Quirino e do major Nelismar.

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