Convocação extraordinária da CLDF deve deixar feridas na base aliada de Ibaneis

Publicado por CB.Poder

O governo aposta em uma maioria folgada para aprovar os dois projetos incluídos na convocação extraordinária da Câmara Legislativa, marcada para hoje à tarde. Mas a votação da proposta que amplia o modelo do Instituto Hospital de Base e do projeto que cria gratificações para policiais deve deixar feridas na base aliada de Ibaneis Rocha. O chefe do Executivo perdeu o voto de pelo menos três governistas: o distrital Jorge Vianna (Podemos) se posicionou contra a proposta da saúde e os deputados Rodrigo Delmasso (PRB) e Agaciel Maia (PR) avisaram que não estarão presentes na sessão extra. Ibaneis espera o desfecho da votação, seu primeiro teste de lealdade na Câmara Legislativa, para retomar nomeações e eventualmente até exonerar apadrinhados já escolhidos.

Fogo amigo

O voto contrário de Jorge Vianna era esperado pelo governo: ele foi eleito com o apoio dos servidores da saúde, críticos ao modelo do Instituto Hospital de Base, e integrava, até a eleição, o Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem do DF. O que surpreendeu os aliados de Ibaneis foi a virulência com que Vianna criticou a proposta de Ibaneis. “Isso é uma vergonha. Que espécie de gestão é essa?”, comentou o distrital, durante discurso em um evento com servidores. “Estamos dando um cheque em branco e assinado ao governo. Ele pode comprar a hora que quer, de quem quer, até contratar no vagas.com”, criticou o parlamentar. E acrescentou: “Vão ter que me engolir. Eu sou o presidente da Comissão de Saúde”.

Aposta nos indecisos

Os aliados de Ibaneis Rocha apostam em pelo menos 15 votos favoráveis, “se não houver traições”, como frisou um distrital governista. O grupo do emedebista acredita na chance de contar ainda com o voto da deputada distrital Júlia Lucy, do Novo, que até ontem estava indecisa. “A proposta do Instituto Hospital de Base é alinhada ao discurso do partido Novo de estado mínimo”, diz um aliado de Ibaneis.

Sem arriscar

Os projetos que reduzem a alíquota de impostos e que autorizam o governo a negociar débitos de R$ 32 bilhões já foram enviados à Câmara Legislativa, mas o debate ficou para fevereiro. Como os temas envolvem renúncia fiscal, há exigência de quórum qualificado, ou seja, o governo precisaria de ao menos 16 votos.