Distritais repudiam ‘fake news’ sobre Marielle Franco

Em discurso duro e indignado, a procuradora da Mulher na Câmara Legislativa, deputada Celina Leão (PPS), repudiou nesta quarta-feira (21) a divulgação de “fake news” envolvendo a vereadora carioca Marielle Franco, executada a tiros na semana passada. “Entraram na vida pessoal daquela mulher para justificar a execução. Mesmo que seja verdade o que dizem, nada justifica. Que país de lixo é esse?”, disse.

Celina destacou as dificuldades de uma mulher negra e pobre chegar ao Parlamento e lamentou que, após ter sido morta, ainda queiram acabar com seu nome. “É um país machista e patrimonialista”, lamentou. “E são mulheres como a Marielle que dão força para outras. Não a silenciaram, deram voz: quem não a conhecia agora conhece”, concluiu.

Os ataques que ela tem recebido nas redes sociais também foram abordados por outros deputados distritais. A deputada Luzia de Paula (PSB) lamentou a forma como setores da sociedade estão difamando a vereadora. Para ela, os ataques são a continuação da violência que vitimou a vereadora. O deputado Raimundo Ribeiro (PPS) lembrou frase do escritor e pensador Humberto Eco para se referir a quem usa internet para atacar as pessoas: “As redes sociais deram voz aos imbecis”. Ribeiro acha que o anonimato da internet dá voz aos covardes, que atacam as pessoas sem temer consequências.

Penalização – O deputado Chico Leite (Rede) demonstrou preocupação com o que classificou de “crescimento do machismo e da exclusão”. O deputado acredita que o assassinato de Marielle foi um verdadeiro atentado à democracia. Ele criticou a “cultura do fake News, que promove o ataque à honra das pessoas”. Na opinião do distrital, os autores destas práticas devem ser penalizados com indenizações pesadas. Leite defendeu uma nova legislação federal para enfrentar a situação.

O deputado Chico Vigilante (PT) criticou duramente as publicações com ataques contra Marielle divulgadas pela desembargadora Marília Castro Neves. “Tão assassinas quanto as balas que mataram a Marielle são as palavras ditas por esta desembargadora”, condenou Vigilante. “Como será o comportamento dela ao julgar um negro ou um morador de rua”, questionou ele. Vigilante lamentou ainda que mesmo que a desembargadora seja punida, terá como pena apenas uma aposentadoria compulsória com salário integral.

Denise Caputo e Luís Cláudio Alves
Foto: Carlos Gandra/CLDF
Comunicação Social – Câmara Legislativa