Caixa de Pandora: Durval nega ter doado dinheiro para Arruda comprar panetone

    Ex-secretário diz ter assinado recibos a pedido do então governador do DF. Defesa de Arruda confirma que doações ocorriam de fato

    O ex-secretário de Relações Institucionais do Governo do Distrito Federal, Durval Barbosa confirmou, em audiência realizada nesta manhã, na 7ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT), nunca ter feito doação para o ex-governador José Roberto Arruda (PR) comprar panetones para presentear pessoas carentes às vésperas do Natal…

    Segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT), Arruda falsificou quatro recibos financeiros das supostas doações, num total de R$ 90 mil, para tentar justificar o recebimento de R$ 50 mil em propina entregues por Durval Barbosa. Mas a defesa do ex-governador rechaça a acusação e sustenta que as doações de panetones eram regulares e faziam parte de trabalho social de Arruda. O ex-governador responde por falsidade ideológica.

    “Essas doações de panetones ocorriam de fato, e faziam parte de uma prática do político Arruda. O depoimento do delator serve a outras acusações além do contexto das doações de panetones, por isso a acusação do MPDFT não subsiste”, afirmou o advogado de Arruda, Nélio Machado. O episódio em que o ex-governador é visto recebendo R$ 50 mil em espécie de Durval Barbosa aconteceu em 2006 no gabinete do então secretário, que gravou a cena. Em 2009, ele apresentou as gravações à Polícia Federal, que desencadeou a Operação Caixa de Pandora.

    Segundo o depoimento prestado hoje por Barbosa, o ex-secretário assinou quatro recibos falsos, em 28 de outubro de 2009, a pedido de Arruda. Naquele dia, segundo Durval, o ex-governador tinha conhecimento de que havia uma operação policial em curso contra si. Por conta do vazamento das informações, a operação teve de ser deflagrada menos de um mês depois da reunião. De acordo com o MPDFT, a partir da busca e apreensão de documentos e máquinas à época, foi possível determinar, com exatidão de data e local, o momento da impressão dos recibos falsos, inclusive com indicação da marca e modelo da impressora.

    “Essa doação não ocorreu, pois nunca fiz doação nenhuma de recursos do meu bolso a Arruda. Quando ele me chamou naquele dia para conversar num café da manhã na Residência Oficial, ele já sabia da investigação e do conteúdo do vídeo, mas ele ainda não sabia que era eu quem estava, dentro do governo, repassando as informações. Me manifestei contrário à assinatura e justifiquei dizendo que ela se referia a fatos que nunca ocorreram. Ele tentou me convencer e só assinei os recibos para não despertar mais curiosidade e chamar a atenção para as investigações”, disse.

    Arruda compareceu à audiência, mas não foi ouvido. Orientado pelos advogados, o ex-governador não se manifestou sobre o processo. “Estou tranquilo, mas, pelo menos até que todas as testemunhas sejam ouvidas, não vou comentar”, afirmou.

    Fonte: Correio Braziliense.