Suzano Almeida, Jornal de Brasília
Com nova composição, o bloco parlamentar formado até agora por PMDB e PTB vai aderir à base do governo de Rodrigo Rollemberg. As conversas com o próprio chefe do Executivo já ocorrem há duas semanas e a decisão veio após o ingresso, no bloco, do distrital Doutor Michel, até então alinhado com o PT.
Com isso, o PP de Michel se integra ao grupo — e à base do governo. Os três partidos pretendem ter papel participativo na nova gestão, inclusive, com indicações para cargos.
A decisão deixa o PT, que conta com quatro parlamentares, isolado como único partido de oposição, elevando a base de apoio declarada a Rollemberg a 20 distritais.
Até nome novo
Segundo o líder do bloco, batizando como “Democrático, Trabalhista e Progressista”, deputado Robério Negreiros (PMDB) a intenção é já ser parte da base de Rollemberg a partir do início dos trabalhos, em fevereiro.
Porém, ele garante que a presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão (PDT) terá que trabalhar junto aos demais parlamentares para fazer “rearranjos” na Casa, devido à forma como o PMDB saiu da eleição para a Mesa Diretora.
“Da forma como ocorreu, a derrota foi muito ruim. Terão de ser feitos rearranjos nas comissões para compensar. Hoje há um desequilíbrio muito grande na Casa e nós fomos excluídos de tudo. O que queremos agora é que os rearranjos sejam feitos para que o nosso bloco, já que não tivemos espaço na Mesa, tenha comissões importantes”, afirma Robério.
O deputado não acredita que o governo tenha de fato os 15 votos que elegeram a Mesa Diretora, mas nega que o apoio a Rollemberg foi obtido por meio de barganha.
“Estamos construindo um entendimento com membros do governo, que inclui o governador, para aderirmos a base. Para isso, precisamos ter o respeito de poder indicar nomes técnicos que ajudem no governo”, declara Robério.
Petistas se isolam
Sem o apoio do PMDB, PTB e agora do PP, o Partido dos Trabalhadores fará sozinho a oposição ao governo de Rodrigo Rollemberg.
Apesar do isolamento, o deputado Ricardo Vale (PT) garante que essa não é uma ação arquitetada pelo governador. De acordo com ele, Rollemberg até tentou uma aproximação com o partido antes da eleição para a Mesa Diretora.
“Eu não vejo sua ação como uma forma de isolar o PT, até pela relação de anos que o governador tem com o partido. Acho que o que ocorre é fruto das circunstâncias, pois isolar o PT não seria uma atitude coerente”, afirma Ricardo Vale.
Segundo ele, o próprio governador trabalhou para que o PT tivesse a vice-presidência da Câmara. A dificuldade ocorreu entre os próprios deputados, que preferiram eleger Liliane Roriz, do PRTB.
Sem o PP, PMDB e PTB, o PT pretende buscar o apoio de outros partidos que estejam insatisfeitos. O objetivo é ter votos suficientes para conseguir pelo menos uma comissão importante, como a Comissão de Economia, Orçamento e Finanças (CEOF).
“Agora, sem o PP, vamos tentar atrair outros partidos que estejam insatisfeitos para a disputa das comissões. Esse é um processo normal. O bloco com o PP foi formado apenas para a Mesa Diretora”, afirma Ricardo Vale, que acredita que após esse período de disputas por espaço a situação poderá melhorar.