Gerson de Melo Machado morreu após entrar na jaula de uma leoa no Parque Zoobotânico Arruda Câmara
O laudo inicial do Instituto Médico Legal (IML) confirmou que Gerson de Melo Machado, de 19 anos, morreu em consequência de um choque hemorrágico provocado pelo perfuramento de vasos cervicais. O ferimento ocorreu quando o jovem invadiu a jaula de uma leoa no Parque Zoobotânico Arruda Câmara, em João Pessoa, na Paraíba, no último domingo (30). A mordida atingiu artérias e veias do pescoço.
O documento emitido pelo IML aponta que o animal não chegou a se alimentar do corpo de Gerson. Outros exames, como o toxicológico, também foram realizados e devem ter resultado divulgado nos próximos dias. O homem foi sepultado nesta segunda-feira (1°), no Cemitério do Cristo Redentor, na capital paraibana. Sem apoio familiar, Gerson recebeu auxílio funeral custeado pela Prefeitura de João Pessoa.
A invasão ao recinto da leoa reacendeu discussões sobre a trajetória de abandono vivida pelo rapaz. De acordo com a conselheira tutelar Verônica Oliveira, que acompanhou Gerson por oito anos, o histórico dele era marcado por pobreza extrema e ausência de suporte familiar para seu tratamento de saúde mental.
Verônica lembra que conheceu o menino quando ele tinha 10 anos, depois de ser encontrado caminhando sozinho por uma rodovia federal. A partir dali, passou a ser acompanhado pela rede de proteção. Ela relata que Gerson cresceu sem referência familiar sólida: a mãe, com esquizofrenia, havia perdido o poder familiar; e os avós também tinham problemas de saúde mental. Mesmo assim, ele insistia em procurar a mãe.
– Ele, embora estivesse destituído, amava a mãe e sonhava que ela conseguisse cuidar dele. Evadia do abrigo e ia direto para a casa da avó e da mãe – disse a conselheira, que também lembra episódios em que a mãe, desorientada, negava o vínculo com o filho.
Enquanto os irmãos foram adotados, Gerson permaneceu no acolhimento institucional. Segundo Verônica, possíveis transtornos psiquiátricos dificultaram a adoção.
– A sociedade quer adotar crianças perfeitas, coisa impossível dentro do acolhimento institucional, onde só chegam por negligência extrema – completou.







