Ex-secretário diz ter assinado recibos a pedido do então governador do DF. Defesa de Arruda confirma que doações ocorriam de fato
Segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT), Arruda falsificou quatro recibos financeiros das supostas doações, num total de R$ 90 mil, para tentar justificar o recebimento de R$ 50 mil em propina entregues por Durval Barbosa. Mas a defesa do ex-governador rechaça a acusação e sustenta que as doações de panetones eram regulares e faziam parte de trabalho social de Arruda. O ex-governador responde por falsidade ideológica.
“Essas doações de panetones ocorriam de fato, e faziam parte de uma prática do político Arruda. O depoimento do delator serve a outras acusações além do contexto das doações de panetones, por isso a acusação do MPDFT não subsiste”, afirmou o advogado de Arruda, Nélio Machado. O episódio em que o ex-governador é visto recebendo R$ 50 mil em espécie de Durval Barbosa aconteceu em 2006 no gabinete do então secretário, que gravou a cena. Em 2009, ele apresentou as gravações à Polícia Federal, que desencadeou a Operação Caixa de Pandora.
Segundo o depoimento prestado hoje por Barbosa, o ex-secretário assinou quatro recibos falsos, em 28 de outubro de 2009, a pedido de Arruda. Naquele dia, segundo Durval, o ex-governador tinha conhecimento de que havia uma operação policial em curso contra si. Por conta do vazamento das informações, a operação teve de ser deflagrada menos de um mês depois da reunião. De acordo com o MPDFT, a partir da busca e apreensão de documentos e máquinas à época, foi possível determinar, com exatidão de data e local, o momento da impressão dos recibos falsos, inclusive com indicação da marca e modelo da impressora.
“Essa doação não ocorreu, pois nunca fiz doação nenhuma de recursos do meu bolso a Arruda. Quando ele me chamou naquele dia para conversar num café da manhã na Residência Oficial, ele já sabia da investigação e do conteúdo do vídeo, mas ele ainda não sabia que era eu quem estava, dentro do governo, repassando as informações. Me manifestei contrário à assinatura e justifiquei dizendo que ela se referia a fatos que nunca ocorreram. Ele tentou me convencer e só assinei os recibos para não despertar mais curiosidade e chamar a atenção para as investigações”, disse.
Arruda compareceu à audiência, mas não foi ouvido. Orientado pelos advogados, o ex-governador não se manifestou sobre o processo. “Estou tranquilo, mas, pelo menos até que todas as testemunhas sejam ouvidas, não vou comentar”, afirmou.