Com direito a ofensas, PSOL vive racha interno entre sua bancada

Divisão decorre principalmente do apoio ao presidente Lula

Uma disputa interna sobre apoiar ou não o governo Lula (PT) tem gerado um racha entre políticos do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). De acordo com uma reportagem do portal UOL, deputados têm utilizado até termos como “mentiroso”, “imaturo” e “palhaço” para se referirem uns aos outros.

A atual divergência na sigla de esquerda teria ganhado força em 2018, quando o hoje deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) passou a fazer parte da legenda. A divisão dentro do partido, inclusive, seria entre uma ala majoritária que segue Boulos e uma minoritária que é composta por nomes como dos deputados Glauber Braga (RJ) e Sâmia Bonfim (SP).

Confira a lista com os nomes:

ALA MAJORITÁRIA
Célia Xakriabá (MG);
Erika Hilton (SP);
Guilherme Boulos (SP);
Ivan Valente (SP);
Luciene Cavalcante (SP);
Pastor Henrique Vieira (RJ);
Talíria Petrone (RJ);
Tarcísio Motta (RJ).

ALA MINORITÁRIA
Chico Alencar (RJ);
Fernanda Melchionna (RS);
Glauber Braga (RJ);
Luiza Erundina (SP);
Sâmia Bomfim (SP).

Dentro da ala majoritária, os integrantes defendem o apoio ao governo Lula (PT) por considerarem que ele seria o único nome como alternativa para combater a ascensão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O grupo também diz que a ala minoritária age como um diretório estudantil, por defender teses de esquerda com convertidos em vez de enfrentar o que consideram os “inimigos reais”.

Já o grupo minoritário afirma que a adesão do PSOL a Lula extrapolou o que consideram aceitável e dizem que, dessa forma, o partido normalizou a decisão de apoiar, por exemplo, posturas econômicas liberais.

– Em vez de ser decisão pontual, o PSOL se abstém de suas lutas porque está engolido pelo abraço da esquerda com a direita liberal – afirmou o deputado federal Glauber Braga.

De acordo com o UOL, o imbróglio dentro do partido teria gerado discussões acaloradas nas reuniões da bancada, com Glauber Braga, membro da ala minoritária, sendo descrito como alguém que perde o controle, grita e dá socos na mesa. Os integrantes do grupo do qual o parlamentar fluminense faz parte, por sinal, são comparados a “crianças mimadas e birrentas”.

A ala minoritária, por sua vez, dispara críticas a Guilherme Boulos e reclama, por exemplo, de ele ter defendido voto no arcabouço fiscal de Fernando Haddad. A medida de austeridade estaria na contramão da ideologia do PSOL. Outra reclamação contra o grupo majoritário é que apenas eles teriam indicado os líderes de bancada da legenda recentemente.

A relação entre os colegas de sigla, por sinal, teria piorado após o resultado ruim nas eleições municipais, quando o PSOL perdeu as cinco prefeituras que obteve no pleito de 2020. Atualmente, o partido tem, no âmbito federal, 13 deputados federais e nenhum senador.

BRIGAS DO PASSADO
As confusões e brigas internas não são novas dentro do PSOL. Em 2009, quando a ala que hoje é minoritária definiu os rumos da legenda, houve até cadeirada entre seus integrantes por conta de uma vitória na convenção daquele ano. Seriam ressentimentos ainda daquela época que estariam vindo à tona agora.

Um sinal da divisão interna foi a coletiva sobre o projeto da deputada Erika Hilton (SP) pelo fim da escala 6×1 no mercado de trabalho. Na conversa com a imprensa, os deputados Glauber Braga, Sâmia Bomfim e Fernanda Melchionna (RS) – todos da ala minoritária – faltaram à coletiva. Apesar de colegas terem dito que o caso seria coincidência, o fato seria só mais um reflexo da briga interna na sigla.