Coleta seletiva no DF alcança 90% da população urbana

Programa avança com apoio das cooperativas e cresce 222% em cinco anos

A coleta seletiva no Distrito Federal atingiu 90,3% da população urbana, consolidando-se como uma das políticas ambientais mais abrangentes do país. De acordo com o Serviço de Limpeza Urbana (SLU), 33 das 35 regiões administrativas já contam com o serviço porta a porta, enquanto Sol Nascente/Pôr do Sol e Água Quente estão em fase de estudo para inclusão no cronograma. Desde 2020, o volume de materiais recicláveis recolhidos cresceu 222%, chegando a 58 mil toneladas em 2024. Apenas entre janeiro e setembro de 2025, foram 48,5 mil toneladas.

O crescimento é resultado da ampliação do serviço, da parceria com cooperativas de reciclagem e das campanhas de conscientização promovidas pelo GDF. O programa é custeado com recursos da Fonte 100, que subsidia os contratos com as cooperativas — remuneradas por tonelada processada, garantindo sustentabilidade financeira e inclusão social.

A diretora técnica do SLU, Andrea Almeida, explica que o DF já possui cobertura total de coleta seletiva, considerando as modalidades porta a porta e ponto a ponto. “Mesmo nas regiões onde o serviço domiciliar ainda não começou, há pontos de entrega voluntária disponíveis desde 2022”, afirma.

Ela reforça que o sucesso do sistema depende da participação dos moradores. “O governo oferece a estrutura, mas o cidadão precisa separar corretamente os resíduos. A coleta seletiva é uma obrigação prevista na Política Nacional de Resíduos Sólidos”, destaca.

Atualmente, 9,2% de todo o lixo coletado no DF é reciclável, percentual superior ao registrado em 2024. A meta é encerrar 2025 com 10% de reaproveitamento total. “Além dos ganhos ambientais, a reciclagem gera trabalho e renda, especialmente para as mulheres, que representam quase 70% dos catadores”, complementa Andrea.

Cerca de 9,2% de todo o lixo recolhido neste ano é composto por materiais recicláveis — índice superior ao de 2024, quando o percentual era de 8%

O processamento do material ocorre nas Instalações de Recuperação de Recicláveis (IRR), como o galpão da Cooperativa Cortrap, no Setor de Indústria e Abastecimento. Segundo o diretor-presidente da cooperativa, Janilson Santana Andrade, são 360 toneladas recebidas por mês, com 20 toneladas reaproveitadas por dia. “Hoje contamos com estrutura moderna e contratos estáveis com o SLU, o que trouxe mais dignidade e segurança ao nosso trabalho”, afirmou.

Apesar dos avanços, Andrade destaca a importância da correta separação dos resíduos. “Ainda recebemos materiais contaminados, como vidro e restos de comida, o que dificulta o processo e causa acidentes. É essencial que a população colabore”, alerta.

Além da coleta seletiva, o SLU opera duas usinas de tratamento mecânico biológico (UTMBs), responsáveis pela triagem de resíduos convencionais e pela produção de composto orgânico utilizado por agricultores locais. “Mais de 40% do lixo comum passa pelas UTMBs. Com o novo contrato, queremos dobrar a reciclagem de resíduos da construção civil, chegando a 40%”, explica Andrea.

Para facilitar o acesso às informações, o SLU disponibiliza o aplicativo Coleta DF, que orienta sobre dias, horários e pontos de entrega voluntária. O app está disponível gratuitamente para Android e iOS.