Vereadora do PT destina verba a festa com nudez em Campinas e pode ter o mandato cassado

A vereadora de Campinas (SP) Paolla Miguel (PT) é alvo de denúncia por destinar emenda parlamentar a uma festa intitulada “Festa Bicuda”, na qual foram registradas imagens de nudez e simulação de sexo no palco.

Na última quarta-feira (17), a Câmara Municipal de Campinas aprovou a abertura de uma Comissão Processante (CP) contra a parlamentar.

Parlamentar poderá ter o mandato cassado

A instauração da CP foi aprovada por 24 votos a 6, e agora a comissão tem 90 dias para apurar a acusação e apresentar um relatório, que deverá ser votado em Plenário. O resultado poderá ser a cassação, ou não, do mandato da parlamentar. Para a perda de mandato, será necessário dois terços dos votos favoráveis dos 33 vereadores.

O autor do pedido é o vereador Nelson Hossri (PSD), que denunciou a petista por infração ao Código de Ética da Câmara e à Lei Orgânica do Município.

A Prefeitura de Campinas publicou no Diário Oficial do Município, na última terça (16), que determina a adoção de classificação indicativa nas atividades culturais realizadas ou apoiadas pela Secretaria Municipal de Cultura.

O evento ocorreu no último domingo (14). As imagens com nudez circularam nas redes sociais.

Em sua defesa, a vereadora se diz vítima de “perseguição política”.

– A Câmara de Campinas acaba de aprovar uma Comissão Processante contra o nosso #MandatoMovimento por prover, via emendas para a Secretaria de Cultura, palco e banheiros químicos para um evento em Barão Geraldo. Um processo persecutório, que quer retirar da Câmara de Campinas uma mulher negra, LGBT, trabalhadora, nascida e criada na periferia da nossa cidade, eleita pelo voto do povo. Não vamos tolerar essa perseguição ao nosso mandato popular. Faremos a defesa dos votos de 2.728 campineiras e campineiros. Gratidão a cada uma e cada um que demonstra solidariedade com a nossa luta. A luta continua! – publicou nas redes sociais.


Confira a íntegra do texto da parlamentar:
Agradecemos a mensagem de solidariedade do PT após a implacável perseguição dos engravatados ao nosso #MandatoMovimento jovem, periférico, antirracista, LGBT, de luta pela classe trabalhadora.

Nos sentimos extremamente atacadas e perseguidas por um episódio absolutamente infundado. Sinto que uma armadilha foi colocada contra nosso mandato para que a extrema-direita tivesse a fagulha necessária para atacarem [sic] nossa reputação, que até aqui tem sido de trabalho pelo povo, inclusive com leis aprovadas e em construção que impactam a população campineira, com ações de fiscalização e constante diálogo com amplos setores da sociedade. Também por conta do nosso diálogo com o Governo Federal para trazer investimentos para a nossa cidade, o que talvez possa gerar certo desconforto por parte de setores do governo e da base aliada, que ataca dia sim, dia não, nosso trabalho e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Mais do que isso, por defendermos naquele espaço pessoas que são marginalizadas, a comunidade LGBT, a juventude negra, a população mais carente nas periferias e dos extremos de nossa cidade. É ali que fazemos questão de estar e será lá que continuaremos nossa luta a favor do povo oprimido.

Reitero aqui: nossa participação no evento Bicuda se deu única e exclusivamente via alocação de recursos das emendas parlamentares para banheiros químicos e palco, após ter sido solicitado para [a] gente. Não participamos de tratativas sobre artistas, nem sobre conteúdo da apresentação. O que aconteceu lá foi inadequado sim. Se tivéssemos ciência do conteúdo da apresentação, teríamos aconselhado o Poder Público a dialogar com a produção do evento para que não acontecesse. A Bicuda acontece em Campinas desde 2018, inclusive com apoio da Secretaria de Cultura por pelo menos 15 eventos, sendo quase a totalidade delas sem nossas emendas.

Iremos enfrentar esse processo de cabeça erguida, cientes de que estamos sendo perseguidas por quem não tolera uma pessoa como eu, preta, LGBT, periférica e jovem na política.