China vai aumentar pressão contra Taiwan depois da vitória de candidato governista

A China certamente vai aumentar a pressão sobre Taiwan depois da vitória do candidato governista Lai Ching Te nas eleições presidenciais realizadas na ilha neste sábado (13).

Também conhecido como William Lai, o futuro presidente sempre defendeu com entusiasmo a independência de Taiwan, vista pela China como uma província rebelde e parte inseparável de seu território.

O Partido Progressista Democrático (PPD), agremiação de Lai, também defende a identidade separada de Taiwan e rejeita as reivindicações territoriais chinesas. Com a vitória de Lai, o partido vai para um histórico terceiro mandato consecutivo.

Pequim deixou claro seu descontentamento com o resultado, afirmando logo depois do anúncio da vitória de Lai que “Taiwan é da China”.

O governo chinês afirmou que o resultado da eleição demonstra que o PPD não representa a opinião da maioria do povo taiwanês.

“Nossa posição em resolver a questão de Taiwan e conquistar a reunificação segue consistente, e a nossa determinação está firme como pedra”, disse o governo chinês em comunicado.

Durante a campanha presidencial, Pequim tentou interferir de várias formas na disputa. O Ministério da Defesa chinês chegou a dizer, na véspera da votação, que está preparado para “esmagar qualquer plano de independência” da ilha.

O governo chinês também definiu a eleição como uma escolha entre a guerra e paz, afirmando que Lai é um “separatista perigoso” e que sua vitória seria um “perigo real” para as relações entre os dois lados.

Pequim também rejeitou repetidamente os apelos de Lai para conversas diplomáticas. O governo comunista da China preferia a eleição do candidato do Kuomitang, o Partido Nacionalista, Hou Yu-Ih, que ficou em segundo.

No seu discurso de vitória, Lai tentou encontrar um equilíbrio entre garantir a segurança e independência de Taiwan ao mesmo tempo em que criticou “tentativas de intervenções externas” na disputa eleitoral.

Ele disse que manteria o status quo nas relações com Pequim, mas que estava “determinado a salvaguardar Taiwan das ameaças e intimidações da China”.

Ao mesmo tempo, enfatizou a necessidade de cooperação e diálogo com Pequim numa base de igualdade para “substituir o confronto”, embora não tenha dado detalhes de como faria isso.

Durante a campanha, Lai tentou contemporizar afirmando que Taiwan já é independente de fato e que, portanto, não precisaria fazer mais declarações nesse sentido.

No entanto, ele defendeu uma aproximação mais profunda da ilha com os Estados Unidos e outros países ocidentais, como forma de dissuadir a China de qualquer aventura militar.

Sua vitória certamente irritou profundamente o governo chinês e seu líder, Xi Jinping, que já declarou que “é inevitável” que Taiwan volte a fazer parte da China. Nos últimos meses, a China já vinha aumentando muito os exercícios militares em torno da ilha.

Os militares chineses deixaram de respeitar a simbólica linha mediana que separa o continente do território no estreito de Taiwan, com seus caças cruzando a teórica “fronteira” quase diariamente.

Esse tipo de exercício e provocação tende a aumentar. Pequim também poderá adotar uma linha mais dura nas negociações comerciais com ilha.

A possibilidade de um conflito militar entre os dois lados também não está descartada, mas não é a hipótese mais provável —pelo menos no curto prazo.