Ministério Público Federal pede cassação do senador Sergio Moro

Ministério Público alega que o político teria cometido abuso do poder econômico durante a campanha eleitoral do ano passado

O Ministério Público Federal (MPF) pediu a cassação do mandato do senador Sergio Moro (União Brasil-PR), sob a alegação de que ele teria cometido abuso do poder econômico durante a campanha eleitoral do ano passado. As ações foram propostas pelo PL e também pela federação de partidos composta por PT, PV e PCdoB.

Em parecer protocolado na noite desta quinta-feira (14), a Procuradoria Regional Eleitoral do Paraná se manifestou pela procedência parcial dos pedidos formulados nas ações, “a fim de que se reconheça a prática de abuso do poder econômico, com a consequente cassação” da chapa liderada por Moro.

Assinado pelos procuradores da República Marcelo Godoy e Eloisa Helena Machado, o parecer de 79 páginas sustenta que a responsabilidade pessoal de Moro e de seu suplente, Luís Felipe Cunha, está “solidamente comprovada através da participação direta de ambos nas viagens, eventos e demais atos de pré-campanha”.

De acordo com a acusação, endossada pelo Ministério Público, Moro teria gasto R$ 7 milhões, quando o teto permitido pela lei seria de R$ 4,4 milhões. A defesa do senador vê “conotação política” no processo, que pode ser julgado no início de 2024 pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Paraná.

Na prática, a manifestação do Ministério Público provoca um rebuliço porque, se Moro for cassado, será preciso uma nova eleição para a vaga de senador. O acolhimento da ação foi parcial porque os procuradores entenderam que não ficou comprovado o uso indevido dos meios de comunicação, nem a exposição desproporcional de Moro nos veículos, como alegavam os autores da ação.

O ex-juiz e ex-ministro da Justiça de Bolsonaro se filiou ao Podemos em novembro de 2021, com o intuito de ser candidato a presidente da República. Em março de 2022, porém, ele mudou de partido e passou a integrar o União Brasil. Logo depois, anunciou que concorreria ao Senado, e não mais ao Palácio do Planalto.

Os partidos que ingressaram com as ações argumentaram que, com essa mudança, os gastos da pré-campanha de Moro – antes destinados à corrida presidencial – “suprimiram as chances dos demais concorrentes” ao Senado pelo Paraná. O Ministério Público concordou com essa reclamação.

– A lisura e a legitimidade do pleito foram inegavelmente comprometidas pelo emprego excessivo de recursos financeiros no período que antecedeu o de campanha eleitoral, porquanto aplicou-se monta que, por todos os parâmetros objetivos que se possam adotar, excedem em muito os limites do razoável – destacou o parecer da Procuradoria.

Moro se defende após polêmica sobre votação de Dino ao STF

O senador defendeu seu direito ao voto secreto

Sergio Moro Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

O senador Sergio Moro (União Brasil-PR) usou as redes sociais para se defender dos ataques que tem recebido por manter seu voto secreto em relação à aprovação de Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal (STF).

PUBLICIDADE

Além de negar contar à imprensa se votaria a favor ou contra, o parlamentar abraçou e sorriu ao conversar com o indicado de Lula. Uma fotografia tirada pelo Estadão mostrou a conversa entre Moro e um assessor com conselhos para que ele mantivesse seu voto em segredo.

Na mensagem nas redes sociais, Moro diz que não está surpreso com os ataques e que estaria vindo “daqueles que desejam ocupar o cargo que legitimamente conquistei nas urnas”.

– Não me surpreende o intensivo ataque daqueles que desejam ocupar o cargo que legitimamente conquistei nas urnas, com o apoio do povo paranaense.

Em outra parte do texto, se dirigindo a apoiadores e eleitores, o senador declarou que “não divulgar o voto na indicação de autoridades é uma prerrogativa do parlamentar”. Ele também cita ações do PT e PL que podem levá-lo a perder o mandato.

– O intenso ataque que tenho sofrido do atual governo Lula, de parte do próprio PL paranaense, além das ameaças do PCC, fazem-me agir, neste momento, com cautela e no exercício efetivo de uma prerrogativa que tenho, tudo de forma a preservar minha independência.

Moro voltou a reafirmar que seguirá sendo oposição ao governo Lula e que manter seu voto em segredo não contradiz tudo que ele defende.

– Nada disso, porém, contradiz a minha lisura e as bandeiras que sempre defendi e continuarei defendendo no Senado. Nessa linha, hoje, com meu voto, derrotamos o governo e restabelecemos a desoneração da folha de salários e o marco temporal, além de termos conseguido derrubar outros vetos de Lula. Sou oposição e seguirei lutando contra esse governo. Outras vitórias virão e serão crescentes.

Não me surpreende o intensivo ataque daqueles que desejam ocupar o cargo que legitimamente conquistei nas urnas, com o apoio do povo paranaense. Aos meus eleitores e apoiadores, digo: não divulgar o voto na indicação de autoridades é uma prerrogativa do parlamentar. O intenso…

— Sergio Moro (@SF_Moro) December 14, 2023