Amazonas: Cidades entram em estado de emergência por seca

Intensidade da vazante no estado da Região Norte impressiona

Se as fotos de lagos e rios secos pela falta de chuva na Amazônia impressionam, as imagens de satélites da floresta são igualmente chamativas. No estado do Amazonas, por exemplo, a superfície da cobertura de água atingiu sua menor extensão desde 2018, de acordo com o MapBiomas, plataforma que reúne universidades, organizações ambientais e empresas de tecnologia.

Os dados que revelam o tamanho da seca no estado foram obtidos a partir de imagens de satélites dos sistemas LandSat e Sentinel. Em setembro foram registrados 3,56 milhões de hectares, uma redução de 1,39 milhão de hectares em relação aos 4,95 milhões de hectares de setembro de 2022.

Ao todo, 25 municípios do estado tiveram redução na superfície de água superior a 10 mil hectares. Barcelos, no centro do Amazonas, teve a maior perda: 69 mil hectares entre setembro de 2022 e setembro de 2023. Na sequência estão Codajás (47 mil hectares), Beruri (43 mil hectares) e Coari (40 mil hectares) – todos com perdas superiores a 40 mil hectares de água.

Os 20 municípios que mais perderam superfície de água no Amazonas estão em estado de emergência ou de alerta, afetando comunidades ribeirinhas, extrativistas, quilombolas, indígenas e áreas urbanas. Em Manaus, o nível do Rio Negro atingiu a menor marca em mais de um século.

A seca histórica acontece dois anos após o Rio Negro ter registrado a sua maior cheia, em 2021, quando a marca de 30,02 metros foi atingida em Manaus. Quatro municípios localizados na calha do rio – São Gabriel da Cachoeira, Barcelos, Santa Isabel do Rio Negro e a capital, Manaus – estão em situação de emergência.

FLORESTA SOB NEBLINA
Agravando a crise climática no Amazonas, Manaus e outros municípios do Amazonas ficaram semanas envoltos em uma nuvem de fumaça de queimadas. Em alguns dias, a capital amazonense ficou coberta por uma “neblina”, visível mesmo durante a noite.

Até 29 de setembro, foram 6.782 focos de queimadas no Amazonas. No mesmo período de agosto, foram 5,1 mil, uma alta de 33%. Mas o cenário na mesma época do ano passado foi pior: em 29 dias de setembro de 2022 foram 8.103 focos, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia.