Polícia da Nicarágua prende o sexto padre em apenas nove dias

Ramón Esteban Angulo Reyes foi preso por agentes da Polícia Nacional do país governado por Daniel Ortega

O padre Ramón Esteban Angulo Reyes foi preso por agentes da Polícia Nacional da Nicarágua, tornando-se o sexto pároco a ser preso no país nos últimos nove dias e o 13° neste ano, denunciaram paroquianos nesta segunda-feira (9).

Os paroquianos disseram à imprensa nicaraguense que Reyes, que dirige a igreja de Nossa Senhora de Fátima, na comunidade de Wapy, na região autônoma da Costa Sul do Caribe, foi preso na tarde do último domingo (8) por policiais depois de ser convocado por eles para uma reunião.

A Polícia Nacional não comentou a denúncia, nem falou sobre as prisões anteriores. Entre domingo e segunda da semana passada, os padres José Centeno, Julio Norori e Cristóbal Gadea foram presos pela Polícia Nacional, que os levou para a capital, Manágua. Na noite da última quinta, o padre Álvaro Toledo foi preso, e no sábado o mesmo aconteceu com o padre Yesner Meneses.

Esses cinco sacerdotes pertencem à diocese de Estelí, cujo administrador apostólico é o bispo Rolando José Álvarez Lagos, que foi condenado em fevereiro a 26 anos e quatro meses de prisão por crimes considerados traição.

PARÓQUIAS AFETADAS CANCELAM MISSAS
A pesquisadora religiosa Martha Patricia Molina, autora do estudo intitulado Nicarágua: Uma Igreja Perseguida?, que monitora a situação dos padres no país, escreveu em sua conta na rede social X (antigo Twitter) que “a maioria das paróquias onde os padres foram sequestrados não está celebrando missa”.

– As comunidades do interior da Nicarágua que ficaram sem sacerdotes estão celebrando a palavra e rezando pelo pronto retorno de seus sacerdotes. Eles só querem de volta o consagrado para continuar rezando com ele – disse.

De acordo com Molina, agentes do governo de Daniel Ortega mantêm vigilância diária sobre vários sacerdotes, inclusive os fotografando. As relações do governo com a Igreja Católica têm sido marcadas pela expulsão e prisão de padres, pela proibição de atividades religiosas e pela suspensão das relações com o Vaticano.

O papa Francisco chamou o governo sandinista de “ditadura grosseira” em uma entrevista ao portal Infobae, na qual apontou “um desequilíbrio na pessoa que lidera” o país, em referência a Ortega.