Assassinatos em região onde médicos foram mortos no RJ aumentaram 127% no último ano

Zona oeste do Rio é palco de disputas entre grupos criminosos e vive onda de violência entre rivais

Homicídio dos médicos foi apenas um episódio das 38 chacinas ocorridas na região metropolitana do Rio de Janeiro neste ano

A zona oeste do Rio de Janeiro, onde fica o bairro da Barra da Tijuca — local do assassinato de três médicos na última quinta-feira (5) –, tem sido palco constante de disputas entre traficantes e milicianos. Segundo dados compilados pelo Instituto Fogo Cruzado, o número de mortos em ataques a tiros na região cresceu 127% no último ano.

Em 2023, 401 pessoas foram baleadas na região, deixando 234 mortos e 167 feridos. Além disso, ocorreram 693 tiroteios entre janeiro e o começo de outubro deste ano na região, contra 448 no mesmo período do ano passado. O aumento é de 54,7%.

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Na madrugada de quinta-feria (5), um ataque a tiros na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca, vitimou quatro médicos que estavam na cidade para participar de um congresso. Três morreram e um segue internado.

O homicídio dos médicos foi apenas um episódio das 38 chacinas ocorridas na região metropolitana do Rio de Janeiro neste ano, que deixaram 145 mortos até o momento.

Segundo pesquisadores da violência urbana carioca, as disputas na região explodiram após a morte de Ecko, chefe da principal milícia da cidade, em junho de 2021.

O irmão dele, Zinho, e um ex-aliado, Tandera, passaram a disputar bairros. Com a milícia fragilizada, o Comando Vermelho passou a tentar tomar algumas áreas, e a disputa em Jacarepaguá se tornou uma das mais críticas.

“O que aconteceu na Barra da Tijuca não é um caso isolado. Sozinha, a zona oeste do Rio de Janeiro concentrou um terço das chacinas ocorridas em 2023. Esses dados revelam algo que chamamos atenção há meses sobre aquela região: a gravidade dos conflitos que envolvem as disputas territoriais entre grupos criminosos”, afirmou Carlos Nhanga, coordenador do Instituto Fogo Cruzado no Rio de Janeiro.