Corregedor do CNJ vai a Curitiba por imbróglio na Lava Jato; veja

Luís Felipe Salomão quer concluir presencialmente o pente-fino no berço da operação

O ministro Luís Felipe Salomão, corregedor do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), está com malas prontas para uma viagem a Curitiba na semana que vem.

O motivo da diligência pessoal do ministro é a sucessão de atritos envolvendo novos e antigos protagonistas da Operação Lava Jato.

Salomão vai fazer uma inspeção no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) e na 13ª Vara Federal Criminal para concluir presencialmente o pente-fino no berço da operação.

O ministro vai ouvir servidores e aprofundar investigações em documentos e processos.

Ele também já requisitou provas colhidas na Operação Spoofing, que prendeu o grupo que hackeou os celulares da força-tarefa de Curitiba e do ex-juiz Sergio Moro, e em outras investigações.

O histórico de brigas e reviravoltas na nova fase da Lava Jato é extenso. Depois que a força-tarefa foi extinta e os antigos protagonistas migraram para a vida política, o juiz Eduardo Fernando Appio, crítico declarado dos métodos da operação, assumiu os processos remanescentes na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba.

Ele passou a movimentar ações esquecidas na gaveta e a expor denúncias de abusos lançadas por alvos da operação, como o operador Rodrigo Tacla Duran, que afirma ter sido alvo de uma tentativa de extorsão, e o grampo ilegal instalado na cela do doleiro Alberto Youssef.

Cercado por polêmicas e alvo de pesados ataques de expoentes da Lava Jato, Eduardo Appio foi afastado do cargo após ser acusado de tentar, ele mesmo, investigar informalmente o desembargador Marcelo Malucelli, do TRF4. O desembargador é pai do advogado João Malucelli, que namora a filha de Sergio Moro e é sócio do ex-juiz.

No final das contas, Appio não caiu sozinho. O elo exposto do desembargador com Moro aumentou a pressão para que Marcelo Malucelli se declarasse impedido para julgar processos da Lava Jato e ele acabou cedendo.

Quem assumiu temporariamente as ações penais da operação em Curitiba foi uma antiga conhecida da Lava Jato: a juíza Gabriela Hardt. Ele já havia substituído Moro quando o então juiz decidiu deixar a carreira para ser ministro da Justiça no governo Bolsonaro. A magistrada, no entanto, não pretende se alongar na 13ª Vara de Curitiba. Ela pediu transferência e aguarda uma posição do TRF4.