Folha critica Lula por tentar apoiar Argentina: “Calote amigo”

Periódico afirma que petista insiste em definir relações internacionais com base em afinidades

A Folha de S.Paulo publicou, neste sábado (6), um editorial intitulado Calote Companheiro, criticando a tentativa do governo Lula (PT) de socorrer a Argentina em um momento em que o país enfrenta uma profunda crise econômica.

Segundo o periódico, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva “insiste em adotar afinidades ideológicas como critério definidor das relações internacionais”, a despeito das dívidas que países como Cuba e Venezuela contraíram com o Brasil durante os seus mandatos anteriores.

– No encontro com o presidente Alberto Fernández, o mandatário brasileiro recorreu ao velho expediente de associar o Fundo Monetário Internacional, principal credor, às mazelas do país vizinho. Para Lula, o FMI deveria “tirar a faca do pescoço da Argentina”, ignorando todas as negociações anteriores cujas condições foram descumpridas pela Casa Rosada – observou o periódico.

Para o jornal, a esquerda latino-americana possui uma “fixação” em “culpar o Fundo pela instabilidade econômica da região”, o que na avaliação do editorial é “delirante” nos dias atuais.

– A responsabilidade pelo caos argentino é de sucessivos governos, à direita ou à esquerda, mas todos reféns do peronismo, que geriram a economia de modo irresponsável. Fernández e suas políticas populistas tornaram a situação mais dramática nos últimos anos – apontou.

Folha critica Lula em editorial Foto: Reprodução

A Folha aponta que a inflação no país vizinho tem superado 100% ao ano e que o peso argentino está “derretendo”.

– A nova promessa do petista é tentar alterar o estatuto do Novo Banco de Desenvolvimento, o banco do Brics, hoje presidido por Dilma Rousseff (PT), para dar garantias a Buenos Aires. Eis mais uma invencionice temerária, já que a instituição tem como mandato financiar apenas os países membros. É natural que o Brasil, por seu peso na América Latina, exerça influência na região. O pior modo de fazê-lo é justamente dando suporte a políticas fracassadas que sabotam o desenvolvimento de todos – finaliza o editorial.