China critica EUA por derrubar balão e ameaça responder

Washington alega que balão era de espionagem. Pequim nega, diz que era de pesquisa meteorológica e afirma ter “pedido claramente aos EUA que tratassem a situação de forma adequada, calma, profissional e comedida”.

A China acusou neste domingo (05/02) os Estados Unidos de “terem exagerado e violado as práticas internacionais” ao abaterem um balão chinês que sobrevoava o território americano há vários dias. Washington alega que se tratava de um veículo de espionagem. Pequim nega e diz que era um aparelho de pesquisa civil, sobretudo meteorológica.

“A China expressa forte insatisfação e protesta contra o uso da força pelos Estados Unidos”, disse o Ministério das Relações Exteriores chinês, em comunicado, acrescentando que “se reserva o direito” de dar as “respostas necessárias”.

O regime chinês acrescentou ter “pedido claramente aos EUA que tratassem a situação de forma adequada, calma, profissional e comedida” e ter informado repetidamente Washington que o dispositivo era “de natureza civil e entrou nos Estados Unidos devido a força maior, numa situação puramente acidental”.

“Pequim irá salvaguardar resolutamente os direitos e interesses legítimos das empresas envolvidas” no incidente, sublinhou o ministério.

Vídeo relacionado: China diz que EUA violaram “práticas internacionais” ao abater balão-espião (Dailymotion)

A detecção do balão aumentou a tensão entre Washington e Pequim e já havia resultado no cancelamento da viagem do secretário de Estado americano, Anthony Blinken, que chegaria no país asiático neste fim de semana.

Balão suspeito

Detectado na terça-feira,o balão chinês sobrevoou os EUA por vários dias, antes de ser abatido no sábado por um míssil lançado de um caça F-22, informou o Pentágono. Os EUA tornaram pública a notícia sobre o balão na noite de quinta-feira e, um dia depois, relataram ter avistado outro balão chinês semelhante, desta vez sobre a América Latina – embora sem citar sobre qual país.

Na quarta-feira, antes de a história vir a público, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, já tinha dado ordens para abater o balão “o mais depressa possível”. O Pentágono, porém, achou melhor esperar para executar a ordem em um “lugar mais seguro”, para evitar danos em terra devido à possível queda de destroços. Na ocasião, o balão sobrevoava o estado de Montana.

No sábado, quando estava sobre o oceano Atlântico, perto da costa da Carolina do Sul, o aparelho foi abatido. O secretário da Defesa americano, Lloyd Austin, classificou a operação como uma “ação deliberada e legal” em resposta a uma “violação inaceitável da soberania” do país por parte da China.

A operação foi realizada em coordenação com o governo do Canadá, cujo território o aparelho sobrevoou antes de entrar nos EUA. O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, disse no sábado que apoiava a decisão de “abater o balão de vigilância da China que violou o espaço aéreo americano e canadense e o direito internacional”, escreveu no Twitter.