Como a PF identificou e prendeu o homem que destruiu o relógio de Dom João VI no Planalto

Reconhecimento facial, imagens de rodovias e depoimentos levaram policiais federais ao esconderijo do homem em Uberlândia (MG)

Ex-morador de Catalão fugiu depois de ter sido flagrado vandalizando relógio do século XVII, ganhado por Dom João VI (Foto: reprodução/PF)

A Polícia Federal prendeu nessa segunda-feira o homem flagrado por uma câmera de segurança quebrando o relógio de Dom João VI no Palácio do Planalto durante os atos do dia 8 de janeiro. Para chegar até o mecânico Antônio Cláudio Ferreira, de 30 anos, investigadores seguiram diferentes pistas, ouviram testemunhas, monitoraram imagens de rodovias e utilizaram tecnologia de reconhecimento facial.

A cena explícita de vandalismo no Planalto impulsionaram uma série de denúncias anônimas sobre a identidade do homem. Duas delas, que apontavam Ferreira como principal suspeito, foram feitas à 9ª Delegacia Regional de Polícia de Catalão, cidade localizada a 260 quilômetros da capital de Goiás.

Ao checar as informações, investigadores levantaram dados de um veículo e vasculharam registros de câmeras de rodovias. Esse banco de dados apontou que o automóvel havia se dirigido para Brasília em 2 de janeiro e voltado para Catalão na madrugada do dia 9 do mesmo mês, logo após as invasões às sedes dos Poderes.

A partir daí, a PF começou a analisar a foto do suspeito. A imagem do vândalo foi submetida à avaliação de um programa de reconhecimento facial — que a comparou com vídeos do sistema de segurança do Planalto. O resultado foi atestado por dois peritos experientes.

“Assim, a Polícia Federal realizou laudo de revisão facial, o qual demonstrou semelhanças/correspondências entre o cidadão registrado nas câmeras e a pessoa indicada nas denúncias anônimas”, afirmou a PF no pedido de prisão de Ferreira encaminhado à Justiça.

Na semana passada, a reportagem do GLOBO esteve em Catalão e apresentou a imagem do vândalo do Planalto para a irmã, o vizinho e o ex-chefe do mecânico, que o reconheceram Ferreira.

Além disso, a locadora da casa onde morava o mecânico também o identificou e disse que o seu inquilino havia abandonado o imóvel. Segundo pessoas que tiveram acesso à residência, foram deixados no local uma Bíblia, uma faca e um boné com o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro.