Centrão endossa críticas de Bolsonaro a atuação de ministros do TSE e STF

Líderes do centrão endossam nos bastidores parte das críticas do presidente a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e do TSE

Apesar de dizerem que ataques públicos às urnas eletrônicas atrapalham Jair Bolsonaro (PL) do ponto de vista eleitoral, líderes do centrão endossam nos bastidores parte das críticas do presidente a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

O maior alvo das reclamações é Alexandre de Moraes, que costuma ser também o principal foco das investidas do mandatário. Outros magistrados citados são Edson Fachin e Luís Roberto Barroso.

A avaliação entre dirigentes de PP, PL e Republicanos é que há, sim, por parte dos magistrados, excessos motivados por questões políticas e interferências desnecessárias na atribuição de outros Poderes, mas que Bolsonaro erra no tom ao partir para o confronto com integrantes dos tribunais,

O centrão é o grupo de partidos de centro e de direita que apoia o governo e dá sustentação a Bolsonaro no Congresso.

A ponderação de políticos é que o ideal é resolver os imbróglios com diálogo entre as partes e não por meio do embate, evitando instabilidade no país e também impacto eleitoral.

Existe a leitura ainda que, no caso das urnas eletrônicas e do processo eleitoral, houve erro inicial por parte do TSE de convidar as Forças Armadas para integrar o CTE (Comissão de Transparência Eleitoral) e levá-las ao debate a respeito das eleições.

Por isso, como defende o deputado Lira a pessoas próximas, também caberia ao tribunal atender a alguns dos pedidos que as Forças Armadas têm feito como modo de pacificar o ambiente.

A tese se assemelha à dita por Bolsonaro no início da semana passada, em reunião com embaixadores.

Na ocasião, o presidente centrou seus ataques nas figuras de três ministros: Moraes, Fachin, atual presidente do TSE, e Luís Roberto Barroso, ex-presidente da corte eleitoral.

O mandatário acusou o grupo de querer trazer instabilidade ao país, por desconsiderar as sugestões das Forças Armadas para modificações no sistema, a menos de três meses da disputa.

“Por que um grupo de três pessoas apenas quer trazer instabilidade para o nosso país, não aceita nada das não aceita nada das sugestões das Forças Armadas, que foram convidadas?”, disse.

O inquérito das fake news no Supremo, frequentemente criticado por Bolsonaro e seus aliados da chamada ala ideológica, também é alvo de reclamações por líderes do centrão que consideram que ele tem motivação política e que serve para o STF eventualmente extrapolar as atribuições.

Em fevereiro deste ano, o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) foi preso em flagrante por ordem de Alexandre de Moraes por ter publicado vídeo no qual fez críticas e ameaças a ministros do STF.

Posteriormente, em abril, o plenário do Supremo condenou Silveira, por 10 votos a 1, a 8 anos e 9 meses de prisão, em regime inicialmente fechado.

O tamanho da pena foi criticado por Bolsonaro e endossado nos bastidores por políticos aliados. Como consequência, o presidente indultou Silveira, que se livrou da pena de prisão.

Recentemente, outra decisão de Moraes foi alvo de reclamações por parte de integrantes do Republicanos, que tem Tarcísio de Freitas como pré-candidato ao governo paulista.

Moraes derrubou na semana passada uma decisão do TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) que determinava a remoção de outdoors com mensagens favoráveis ao governador Rodrigo Garcia (PSDB), pré-candidato à reeleição em São Paulo.

Os outdoors exibiam mensagens como “100% Paulista, Rodrigo governador” e “Gratidão ao governador Rodrigo Garcia”. “As mensagens parecem destituídas de viés eleitoral, o que, por si só, descaracteriza o ilícito de propaganda eleitoral irregular.

“Adversários de Rodrigo reclamaram que Moraes foi muito condescendente no caso e ainda o criticaram por ter referendado um mandado de segurança contra decisão do TRE, instrumento que, para eles, não poderia ser usado para este fim.

Integrantes do Republicanos ainda buscaram atrelar a decisão de Moraes a um suposto favorecimento ao PSDB, partido com o qual o ministro teve ligações no passado –ele foi secretário da Segurança Pública em governo tucano no estado, por exemplo.

Embora discutam nos bastidores, cardeais do centrão evitam criticar os ministros publicamente para evitar atritos.

Eles também desaconselham Bolsonaro a partir para o confronto e, colocar em xeque a lisura das urnas por avaliarem que o discurso não agrega votos. Pelo contrário, o tom incendiário faz o presidente ir mal entre eleitores moderados.

Bolsonaro, ainda assim, não dá indicações de que vai recuar no teor de suas falas, que servem para manter a sua base de bolsonaristas mais fieis unida.

“Esses poucos surdos de capa preta têm que entender o que é a voz do povo. Têm que entender que quem faz as leis é o Poder Executivo e o Legislativo. Todos têm que jogar dentro das quatro linhas da Constituição. Isso interessa a todos nós”, afirmou, referindo-se a ministros do Supremo.

Fonte: Com informações do jornaldebrasilia