Petrópolis registrou 250 deslizamentos em 24 horas

Cinco pessoas morreram e mais três estão desaparecidas

A chuva forte que atingiu Petrópolis no domingo (20) provocou 250 ocorrências de deslizamentos, atingindo casas e ruas, em 19 localidades da cidade. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (21) pela prefeitura. Cinco pessoas morreram e mais três estão desaparecidas.

O índice pluviométrico chegou a 534,4 milímetros em 24 horas, o que provocou desabamentos de casas, deslizamentos de barreiras e inundações de ruas, transformadas em verdadeiros rios, arrastando carros, lixo e tudo mais pela frente.

Pela manhã, um grupo com dezenas de bombeiros saiu da capital para dar apoio às buscas de vítimas na cidade serrana. Segundo a prefeitura, as regiões mais afetadas com os deslizamentos foram Alto da Serra, Bingen, Castelânea, Centro, Chácara Flora, Duarte da Silveira, Estrada da Saudade, Independência, Morin, Mosela, Quissamã, Quitandinha, Saldanha Marinho, São Sebastião, Siméria, Valparaíso e Vila Militar.

Entre os mortos, estão duas pessoas que moravam no Morro da Oficina, o local mais afetado na enxurrada do dia 15 de fevereiro. Apesar do risco, muitos ainda resistem em sair de casas localizadas próximas à área que veio abaixo. Alguns não querem deixar o pouco que conseguiram ao longo da vida. Outros não desejam ficar em abrigos coletivos, pois a concessão do aluguel social ainda está em ritmo lento, por questões burocráticas e porque não há imóveis disponíveis para alugar na cidade.

“A Secretaria de Assistência Social trabalha para garantir o atendimento a 839 pessoas que foram para os pontos de apoio por conta da chuva deste domingo. Além desses, é mantido o suporte às 289 pessoas que são acompanhadas por conta das chuvas de fevereiro. No momento, 23 locais estão sendo usados para o abrigamento de pessoas em escolas públicas ou em estruturas voluntárias organizadas pelas comunidades”, informou a prefeitura.

Governador
Em reunião com o prefeito Rubens Bomtempo, o governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro,  comprometeu-se em realizar intervenções emergenciais no Túnel Extravasor, no Quissamã, onde foram registradas ocorrências durante a chuva de domingo (20). O encontro ocorreu nesta segunda-feira na sede da prefeitura.

“Os problemas estruturais no Túnel Extravasor é algo que nos preocupa muito. É preciso recuperar esse túnel que é tão importante para minimizar as enchentes no centro da cidade no trecho do início da Rua do Imperador e garantir a segurança de quem mora no entorno”, disse Bomtempo.

Segundo o governador, essa obra emergencial terá um custo de cerca de R$ 40 milhões. “Temos o compromisso com a sociedade petropolitana e vamos trabalhar juntos para recuperar a cidade”, disse Claudio Castro.

Mais…

Homem acompanha buscas por irmã soterrada na noite de domingo em Petrópolis; ‘falei que isso ia cair’

Miram Valle, de 32 anos, não conseguiu escapar do deslizamento no bairro Valparaíso. Marido foi resgatado com vida e está internado no hospital Santa Teresa. Filhos estavam em casa do padrinho quando tudo ocorreu.


Bombeiros buscam por Miriam Valle soterrada no Valparaíso, em Petrópolis — Foto: Lucas Machado/g1 (fotos das buscas) e Arquivo pessoal

Bombeiros buscam por Miriam Valle soterrada no Valparaíso, em Petrópolis — Foto: Lucas Machado/g1 (fotos das buscas) e Arquivo pessoalhttps://86bad1463d15ed99c6897c4cdfdb75a3.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

Bombeiros estão fazendo buscas por Miriam Valle, de 32 anos, que ficou soterrada após ter o imóvel atingido por uma queda de barreira na rua Washington Luiz, no Bairro Valparaíso, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio.

Ela está entre os três desaparecidos depois que um temporal voltou a castigar a cidade na tarde de domingo (20), deixando cinco mortos. Segundo a família, o marido de Miriam, Anthonio Gonçalves, que também estava no imóvel, foi resgatado com vida e se encontra internado no Hospital Santa Teresa.

Os dois filhos dela estavam na casa do padrinho quando o desmoronamento ocorreu.

As buscas estão sendo acompanhas pelo irmão de Miriam, Robson do Valle. Ele disse que o desmoronamento ocorreu por volta das 23h de domingo.

“O que deu pra fazer ontem a gente fez. Tiramos o meu cunhado. Tem uma galera aí, eu tô só esperando eles liberarem [bombeiros] pra gente ir lá. Tirar com vida, melhor ainda, mas muito difícil, muita terra, muita pedra. Pior que eu avisei antes, falei que isso aí ia cair, cara!”, desabafou o pedreiro, explicando porque desconfiou que o local era inseguro.

“Eu estava tirando a lama da primeira barreira aqui na casa do lado e eu falei: sai fora que isso aqui vai cair de novo. E acabou caindo na casa dela”, disse.

Robson do Valle acompanha as buscas pela irmã junto com amigos, que aguardam liberação dos bombeiros para ajudarem a procurar em meio aos escombros — Foto: Lucas Machado/g1

Robson do Valle acompanha as buscas pela irmã junto com amigos, que aguardam liberação dos bombeiros para ajudarem a procurar em meio aos escombros — Foto: Lucas Machado/g1

A Prefeitura ainda não divulgou oficialmente o nome das cinco vítimas que morreram e nem o nome dos três desaparecidos. O g1 aguarda essa informação.

A Defesa Civil atendeu, até as 11h45, 126 ocorrências. Destas, 107 foram por escorregamentos. Todas as equipes da Defesa Civil estão empenhadas no atendimento aos chamados de emergência e suporte ao Corpo de Bombeiros nas ações de resgate as vítimas.

De acordo com a Polícia Civil, quatro corpos ainda não identificados deram entrada no Posto Regional de Polícia Técnica e Científica (PRPTC) de Petrópolis.