Bolsonaro diz que, por mudança na PF, Moro pediu vaga no STF

Presidente depôs em inquérito que apura se houve interferência dele na PF

Presidente Jair Bolsonaro e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro Foto: PR/Carolina Antunes

Em depoimento à Polícia Federal na noite dessa quarta-feira (3), o presidente Jair Bolsonaro negou qualquer tentativa de interferir no órgão, mas confirmou que pediu ao ex-ministro Sergio Moro a troca do diretor-geral Maurício Valeixo pelo delegado Alexandre Ramagem, devido a um problema de “falta de interlocução”. Segundo o presidente, Moro teria condicionado a mudança à sua indicação a uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).

À PF, Bolsonaro declarou que não havia qualquer insatisfação ou falta de confiança no trabalho de Valeixo e negou ter intenção de obter informações privilegiadas de investigações sigilosas.

Indagado pelo delegado Leopoldo Soares Lacerda sobre o que quis dizer quando afirmou, em reunião ministerial, que tinha uma PF que não lhe dava informações, Bolsonaro declarou que se referia a “relatórios de inteligência sobre fatos que necessitava [saber] para a tomada de decisões, e nunca [a] informações sigilosas sobre investigações”.

O presidente acrescentou que “muitas informações relevantes para a sua gestão chegavam primeiro através da imprensa, quando deveriam chegar ao seu conhecimento por meio do Serviço de Inteligência”.

Ainda segundo Bolsonaro, a sugestão de nomear Alexandre Ramagem ocorreu “em razão da sua competência e confiança construída ao longo do trabalho de segurança pessoal do declarante, durante a campanha eleitoral de 2018”.

O presidente também foi perguntado se uma das motivações para a troca seria uma eventual falta de empenho da PF para desvendar a tentativa de assassinato que sofreu durante campanha em Juiz de Fora, em 2018. Em resposta, Bolsonaro disse que pediu uma “investigação mais célere e objetiva” sobre o caso ao ministro e que não percebeu nenhum empenho por parte de Moro. O presidente acrescentou, porém, que não fez “nenhum tipo de pedido na direção da investigação ou qualquer outra interferência no andamento dos trabalhos”. Fonte: Pleno News