Ataques terroristas deixam mortos no aeroporto de Cabul

Mulheres feridas chegam a um hospital para tratamento após duas explosões no aeroporto de Cabul, no Afeganistão, nesta quinta (26) — Foto: Wakil Kohsar/AFP

Ao menos duas explosões deixaram várias vítimas no aeroporto internacional de Cabul, capital do Afeganistão, nesta quinta-feira (26). A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) confirmou que foi um atentado terrorista e o Talibã condenou o ataque.

O Pentágono fala em “ataque complexo” e diz que há 13 militares americanos entre os mortos e ao menos 18 agentes feridos.

Imagens feitas por jornalistas afegãos mostram dezenas de corpos enfileirados e cobertos próximos ao local da explosão. Segundo a emissora britânica BBC e o “Post”, que citam fontes do governo afegão, ao menos 60 civis morreram após o ataque.

Sem perdão

“Não vamos perdoar. Não vamos esquecer. Vamos caçá-los para fazer vocês pagarem”, afirmou o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ao falar nesta sexta sobre as explosões. Ele reafirmou a continuidade da missão de retirada e disse que “esses terroristas do Estado Islâmico não irão ganhar”.

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Biden ainda chamou de heróis os militares que “deram suas vidas” para salvar pessoas em uma operação que já retirou mais de 100 mil pessoas do Afeganistão nos últimos 11 dias, e disse que eles são o que há de melhor nos EUA.

ISIS-K: saiba quem é o grupo extremista rival do Talibã

Enquanto afegãos desesperados tentavam embarcar em um voo para sair do Afeganistão e fugir dos talibãs, surgiram alertas para outra ameaça: o grupo Estado Islâmico (EI)

O presidente americano, Joe Biden, afirmou que existia um “risco agudo e crescente” de ataque no aeroporto por parte do braço regional do grupo, denominado Estado Islâmico-Khorasan (EI-K).

O EI-K também é conhecido pela sigla em inglês, ISIS-K.

Nesta quinta-feira (26) veio a explosão, deixando um número ainda desconhecido de mortos. O Estado Islâmico assumiu a responsabilidade do ataque, segundo a agência vinculada ao grupo extremista, Amaq News.

Estados Unidos, Reino Unido e Austrália já haviam pedido a seus cidadãos que evitassem o aeroporto e procurassem zonas seguras.

Antes do ataque, ao ser consultado diretamente sobre a ameaça, um porta-voz talibã reconheceu o risco de “incômodos” que provoquem problemas na já caótica situação. Ele atribuiu o quadro atual à retirada liderada pelos Estados Unidos.

Veja abaixo perguntas e respostas sobre este outro grupo extremista (EI-K ou ISIS-K), com informações da agência AFP:

O que é o Estado Islâmico-Khorasan?

Meses depois de o EI declarar um califado no Iraque e na Síria, em 2014, combatentes que saíram do talibã paquistanês se uniram aos militantes no Afeganistão para formar um braço regional. Juraram lealdade ao líder do EI, Abu Bakr al Baghdadi.

O grupo foi reconhecido formalmente pelo comando central do EI no ano seguinte à sua instalação no nordeste do Afeganistão, nas províncias de Kunar, de Nangarhar e do Nuristão.

Também estabeleceu células em outras áreas do Paquistão e do Afeganistão, incluindo Cabul, segundo monitores da ONU.

As últimas estimativas de sua força variam de milhares de combatentes ativos até 500, conforme relatório do Conselho de Segurança da ONU divulgado em julho passado.

“Khorasan” é um nome histórico da região que inclui partes de onde ficam atualmente Paquistão, Irã, Afeganistão e Ásia Central.

Que tipo de ataques o EI executa?

O EI-K reivindicou alguns dos ataques mais violentos dos últimos anos no Afeganistão e no Paquistão.

O grupo massacrou civis nos dois países em mesquitas, santuários, praças e até hospitais, além de ter executado ataques contra muçulmanos de alas que considera hereges – em particular os xiitas.

Em agosto de 2019, o EI-K reivindicou a autoria de um atentado contra os xiitas durante um casamento em Cabul que deixou 91 mortos.

As autoridades suspeitam que o grupo foi o responsável por um ataque, em maio de 2020, que chocou o mundo. Homens armados abriram fogo na maternidade de um bairro de maioria xiita de Cabul. Nele, 25 pessoas morreram, entre elas 16 mães e recém-nascidos.

Fonte: G1