Bombeiros buscam 36 desaparecidos na Baixada Santista

Bombeiros buscam pelo 7º dia vítimas das chuvas na Baixada Santista, litoral de São Paulo

Bombeiros buscam pelo 7º dia vítimas das chuvas na Baixada Santista, litoral de São Paulo

As buscas pelas vítimas soterradas após deslizamentos durante o temporal que atingiu a Baixada Santista, no litoral de São Paulo, continuam nesta segunda-feira (9). O sétimo dia de trabalho se concentra em dois morros de Guarujá, cidade mais atingida pela chuva e onde ainda há 36 pessoas desaparecidas.

As buscas em Santos e São Vicente foram encerradas no sábado (7), após os corpos de todas as pessoas desaparecidas terem sido encontradas. Até o momento são 42 pessoas mortas, segundo os bombeiros e a Defesa Civil do Estado de São Paulo.

Equipes realizam buscas no Morro do Macaco Molhado em Guarujá, SP, no 7º dia de trabalho — Foto: Solange Freitas/G1

Equipes realizam buscas no Morro do Macaco Molhado em Guarujá, SP, no 7º dia de trabalho — Foto: Solange Freitas/G1

Em Guarujá, 31 corpos foram localizados. Segundo o Corpo de Bombeiros, 137 bombeiros atuam nas buscas, sendo 85 na Barreira do João Guarda para localizar os 35 desaparecidos e 25 no Morro do Macaco nas buscas pelo Cabo Batalha, que foi soterrado quando ajudava as vítimas do temporal.

Moradores e voluntários ajudam os bombeiros nas buscas pelas vítimas utilizando equipamentos de segurança como capacete e luvas. Máquinas também são utilizadas para ajudar nos trabalhos de remoção nos morros.

Máquinas auxiliam nas buscas por desaparecidos em deslizamentos de Guarujá, SP — Foto: Solange Freitas/G1

Máquinas auxiliam nas buscas por desaparecidos em deslizamentos de Guarujá, SP — Foto: Solange Freitas/G1

Neste domingo (8), o comando do Corpo de Bombeiros que estava sediado na Escola Municipal Profª Dirce Valério Gracia, onde estão sendo abrigadas as famílias vítimas da tragédias, foi transferido para a Barreira João Guarda para poder auxiliar as equipes de buscas e, ainda, se aproximar da população.

Também no domingo, a Defesa Civil de Guarujá interditou mais de 140 moradias localizadas em áreas de risco em diversos pontos da cidade. De acordo com a prefeitura, a ação é realizada com o objetivo de reduzir o risco de mais deslizamentos nos morros.

Buscas por desaparecidos no Morro da Barreira do João Guarda em Guarujá, SP — Foto: Marcela Pierotti/G1

Buscas por desaparecidos no Morro da Barreira do João Guarda em Guarujá, SP — Foto: Marcela Pierotti/G1

Veja onde ocorreram as mortes:

  • Guarujá: 31 mortes
  • Santos: 8 mortes
  • São Vicente: 3 mortes

Ajuda do Exército

Na manhã de sábado, a pedido da prefeitura, soldados do Exército chegaram à cidade para oferecer ajuda humanitária. As equipes foram para a Escola Municipal Profª Dirce Valério Gracia, onde estavam os 336 desabrigados do município. Serão cerca de 25 militares atuando na ação diariamente.

“Foi solicitada pela Prefeitura de Guarujá o apoio de militares do exército à Defesa Civil do município. A ajuda foi autorizada pelo comando militar do Sudeste, e o exército está sempre pronto para auxílio. Vamos ajudar na seleção dos donativos, preparação dos kits e entrega das doações nas comunidade impactadas”, explicou o tenente coronel Carlos Rocha, comandante da Fortaleza de Itaipu.

De acordo com a Defesa Civil do Estado, até a tarde deste domingo (8), havia 336 pessoas desabrigadas em Guarujá e 185 em Santos. Eles estão sendo recebidos em abrigos e escolas. Em Peruíbe, são 102 desabrigados, que deixaram temporariamente suas casas e foram recebidos no Centro Comunitário do Caraminguava.

Soldados do Exército chegam a Escola Municipal Profª Dirce Valério Gracia, em Guarujá (SP), para ajuda humanitária — Foto: Solange Freitas/G1

Soldados do Exército chegam a Escola Municipal Profª Dirce Valério Gracia, em Guarujá (SP), para ajuda humanitária — Foto: Solange Freitas/G1

Fim das buscas

Em São Vicente, o corpo da terceira e última vítima da tragédia na cidade foi encontrado na região do Parque Prainha, no sábado. Segundo a prefeitura, trata-se de um homem de 69 anos, que morreu no deslizamento de solo. Com isso, o capitão do Corpo de Bombeiros, Marcos Palumbo, informou que as buscas foram encerradas na cidade. Os agentes foram deslocados para o Guarujá.

Além deste senhor, morreram outras duas pessoas em São Vicente: uma mulher de 60 anos, que faleceu no mesmo deslizamento de solo, e um idoso de 86 anos, que estava em uma clínica de repouso particular na Vila Valença, quando o chão de um cômodo cedeu.

Bombeiro realiza busca à família desaparecida sob escombros no Morro São Bento em Santos. — Foto: Reprodução/Felixx Drone

Bombeiro realiza busca à família desaparecida sob escombros no Morro São Bento em Santos. — Foto: Reprodução/Felixx Drone

Em Santos, as quatro pessoas que estavam desaparecidas foram encontradas entre a madrugada e manhã deste sábado. O município registra 8 vítimas da tragédia e, com a localização das quatro últimas vítimas, que seriam da mesma família, o trabalho do Corpo de Bombeiros foi encerrado no Morro São Bento.

Em um período de 24h, de acordo com dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), choveu 320 mm em Guarujá, valor muito acima da média de 263 mm prevista para março. Em Santos, choveu 239 mm, perto da média de 257 mm. Já em São Vicente, foram registrados 207 mm de chuva, abaixo da média de 257 mm prevista para o mês todo.

Doações

As cidades da Baixada Santista estão recebendo doações para as famílias que foram prejudicadas pelo forte temporal. Há uma necessidade maior de doações de colchões, travesseiros e roupa de cama para as vítimas do temporal. Também são necessários itens como roupas de banho, alimentos em geral, água e produtos de higiene pessoal.

Há postos de coleta em Santos, São Vicente, Cubatão e Guarujá. Confira os postos aqui.

Morro São Bento em Santos, na tarde de quinta-feira (5), após dois dias do deslizamento — Foto: Felixx Drone

Governo do Estado

O governador do Estado de São Paulo, João Doria (PSDB), esteve em Guarujá na quinta-feira (5) e anunciou R$ 50 milhões para investimento em infraestrutura para os municípios atingidos pela chuva. Doria também criticou o presidente Jair Bolsonaro por não ter se pronunciado diretamente com ele sobre as mortes e os efeitos das chuvas na Baixada Santista.

O Governo de São Paulo já disponibilizou 21,2 toneladas em materiais de ajuda humanitária para o atendimento às vítimas das chuvas que caíram na Baixada Santista. Com apoio das prefeituras e de entidades assistenciais, o Governo do Estado está providenciando a remessa de colchões, cobertores, cestas básicas, água sanitária e água potável aos municípios afetados.

Governo Federal

O Governo Federal, por meio do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), reconheceu o estado de calamidade pública em Guarujá e a situação de emergência em Santos e São Vicente, por conta das fortes chuvas. A decisão foi publicada na edição da quinta-feira (5) do Diário Oficial da União.

Com a medida, as localidades poderão ter acesso a recursos federais para ações de socorro, assistência, restabelecimento de serviços essenciais à população e reconstrução de estruturas públicas danificadas.

Solo encharcado dificulta trabalho de buscas aos desaparecidos na Baixada Santista

Solo encharcado dificulta trabalho de buscas aos desaparecidos na Baixada Santista

Chuva na Baixada

O temporal começou na noite de segunda (2) e se estendeu durante toda a madrugada e manhã de terça-feira (3). Moradores registraram alagamentos, e ruas ficaram intransitáveis em toda a Baixada Santista. Passageiros de um ônibus mostraram o rápido aumento do nível da água no interior do veículo. Diversas linhas de ônibus e itinerários foram comprometidos pelo temporal.

Houve quedas de barreira nas rodovias Anchieta, Cônego Domênico Rangoni, Rio-Santos e Guarujá-Bertioga, que fazem a ligação de cidades da Baixada Santista com outras regiões do Estado de São Paulo. As rodovias precisaram ser interditadas.

Arte: Por que ocorrem os deslizamentos — Foto: Juliane Monteiro/Arte G1

Arte: Por que ocorrem os deslizamentos — Foto: Juliane Monteiro/Arte G1

Chuvas no Sudeste

A ausência de variações de temperatura no Oceano Atlântico e o aquecimento global explicam as fortes chuvas que atingiram a região sudeste do Brasil no mês de fevereiro, segundo especialistas consultados pelo G1.

Já no começo de março, as chuvas também continuaram castigando a região. Quatro pessoas morreram no Rio de Janeiro e uma no Espírito Santo no dia 2 de fevereiro.