Doença misteriosa causa duas mortes em Salvador. Quatro casos estão sendo monitorados

Doença misteriosa causa duas mortes em Paripe

Outros quatro casos estão sendo monitorados pelas secretarias de Saúde

As Secretarias da Saúde do estado e da capital estão avaliando que doença já provocou a morte de duas pessoas em São Tomé de Paripe, no Subúrbio Ferroviário de Salvador. Outros quatro casos estão em investigação.

O primeiro caso surgiu no início de fevereiro, quando Ícaro da Silva Duque, 19 anos, começou a ter febre, dor de cabeça e hemorragia. Ele não resistiu e morreu no dia 5 do mesmo mês. Dias depois, o vizinho dele, Luan Bastos dos Santos, 15 anos, também começou a apresentar mal-estar e morreu. Ele teve febre, dor de cabeça e enjoo.

A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) afirmou que os quatro casos em investigação são de pessoas que apresentaram sintomas similares aos de Ícaro e Luan e que ainda não tiveram a causa da doença esclarecida. A superintendente de Vigilância e Proteção da Saúde da Sesab, Rivia Barros, contou que esses pacientes estão passando por exames.

“Estamos investigando. Um dos casos deu confirmação, inicialmente, para dengue e chikungunya. Outro deu para chikungunya, e os outros dois deram negativos para essas doenças. Todos deram negativo para intoxicação. Alguns exames demoram mais tempo para ficarem prontos e estamos aguardando eles serem finalizados”, afirmou.

Os dois jovens que morreram foram submetidos a testes e os exames deram negativo para arboviroses – doenças causadas pelos chamados arbovírus, que incluem o vírus da dengue, Zika vírus, febre chikungunya e febre amarela.

A Sesab informou que novos testes foram realizados e que o órgão está aguardando também o resultado da perícia realizada pelo Instituto Médico Legal Nina Rodrigues para determinar a causa das mortes.

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) informou que está monitorando o local e investigando a causa dos dois óbitos. Uma moradora contou que equipes da prefeitura estiveram no bairro novamente nesta quinta-feira (27).

“Eles fizeram a limpeza da rua, retirando os matos, e passaram com o fumacê. A gente fica com medo porque não sabemos o que é, como vamos nos proteger do que a gente não sabe o que é? O que queremos é que eles (autoridades públicas) descubram o que aconteceu”, afirmou.

Bahia tem oito casos suspeitos de coronavírus; quatro são em Salvador

Secretário de Saúde diz que medo do vírus é infundado: ‘gripe é pior’

O medo em torno do coronavírus é “infundado” garante o secretário de Saúde da Bahia Fábio Vilas-Boas. A opinião dele é embasada na taxa de mortalidade do novo vírus, que chega a ser cinco vezes menor que a do H1N1, por exemplo, que matou 132 pessoas na Bahia em 2019.

Segundo a secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), até as 10h desta sexta-feira (28), o estado conta atualmente com oito casos suspeitos em análise laboratorial, sendo quatro em Salvador, três em Feira de Santana e um em Itabuna.

“Metade dos casos suspeitos que foram descartados ontem (28) apontavam para H1N1, e isso é uma notícia ruim pois esse vírus, assim como o influenza B, H3N2, é muito mais letal que o coronavírus e tem um potencial maior de evoluir para uma pneumonia”, aponta.

Apesar da baixa taxa de mortalidade do novo vírus, que é de 1,5% em casos fora da China, o secretário diz não negligenciá-lo e garante que a Bahia está pronta para agir na possibilidade de um caso confirmado no estado.

“É um vírus novo e as pessoas não tem um sistema imune desenvolvido ainda para ele, que tem um potencial para morte – apesar de pequeno. Mas é bom ressaltar que é mais um ‘vírus de gripe’ como vários outros. As pessoas não precisam entrar em pânico. Ninguém pega o coronavírus e está condenado a morte. A maioria irá se curar naturalmente sem apresentar grandes problemas”, aponta.

Mesmo sem casos confirmados na Bahia, existe uma estrutura disponível para atender possíveis ocorrências. A partir do momento que há uma suspeita, o sistema de saúde – seja público ou privado – deve comunicar à Sesab. Depois, técnicos de saúde coletam amostras e enviam para o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen).

Lá, há estrutura para o chamado teste ‘multiplex’, que analisa 21 tipos de vírus respiratórios em uma única rodada na máquina. Em no máximo três horas, é possível confirmar se uma pessoa tem qualquer um desses 21 tipos de vírus. A Sesab tem 12 dessas máquinas – que são as mesmas que a da Universidade Federal da Bahia (Ufba).

A Ufba, porém, através do Laboratório de Virologia, já conseguiu comprar a amostra de DNA do novo coronavírus. “Eles compraram há duas semanas, nos Estados Unidos. Nós já compramos e estamos aguardando a nossa chegar, o que deve acontecer na próxima semana. Por enquanto, a Ufba está nos emprestando a deles”, explicou o secretário.

Cada rodada desse teste custa R$ 1.200. No entanto, o coronavírus não será testado de imediato. O teste para a doença só vai acontecer depois que a análise for negativa para os outros 21 tipos – que inclui H1N1, H3N2 e Influenza B.

Caso algum caso seja confirmado e precise de isolamento, há 30 leitos especiais no Hospital Couto Maia que têm pressão negativa. Ou seja: o ar não sai do quarto. No interior, os hospitais que têm Unidade de Terapia Intensiva foram destacados para receber as situações mais graves.

O principal ainda é ter agilidade. Segundo Vilas Boas, entre a comunicação das suspeitas e o descarte delas, o tempo tem variado entre 24 e 48 horas.

“Isso inclui mandar automóvel, mandar avião para o paciente, o que for preciso. Porque, nesse momento, é muito importante deixar a população mais tranquila e fazer o diagnóstico precoce de que não é coronavírus”.

A partir de março, a partir de reuniões com entidades como a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado (Fecomercio-BA), a Sesab vai começar a fazer inspeções em estabelecimentos comerciais. Aqueles que não disponibilizarem álcool em gel devem ser notificados e, posteriormente, até multados.

Disponibilizar álcool em gel nesses locais é obrigatório na Bahia devido a uma lei aprovada em 2017. Quem não cumprir a medida pode ter que pagar uma multa diária de R$ 55.

Para a população, a recomendação é usar o próprio álcool gel ou lavar sempre as mãos. “As pessoas também precisam aprender a tossir e a espirrar. A gente vê as pessoas tossindo sem proteger a mão. Tem que tossir usando o cotovelo e não a mão. Grávidas, idosos e crianças devem evitar ambientes com pessoas tossindo ou espirrando. Se você está num ambiente com uma pessoa assim e não pode deixar de trabalhar, essa pessoa deve usar a máscara”, orientou o secretário.

Entenda as diferenças e os sintomas de cada uma das doenças
Coronavírus – febre muito frequente (pode passar dos 38°C), tosse muito frequente; coriza está presente nos primeiros dias, porém não é muito frequente; dor de garganta pouco frequente; dor de cabeça de leve a moderada; presença de dores no corpo; diarreia ocorre raramente; falta de ar a partir do 6º ou 7º dia.

Resfriado comum – febre pouco frequente; tosse pouco frequente; coriza muito frequente e abundante; dor de garganta de leve intensidade; dor de cabeça não é comum; ausência de dores no corpo; diarreia de forma rara; ausência de falta de ar.

H1N1 (gripe) – febre que geralmente vai até 38°C, tosse presente (mas não tanto quanto no coronavírus e nem tão pouco quanto no resfriado); coriza (não tanto quanto no resfriado); dor de garganta frequente e de moderada intensidade; dor de cabeça com pouca intensidade; presença de dores no corpo; possibilidade de diarreia; falta de ar apenas em casos raros.

Fonte: Correio 24 horas