Presidente da CLDF dá nota 8 ao trabalho dos distritais

Presidente da CLDF, Rafael Prudente (MDB) dá nota 8 ao trabalho dos deputados em 2019

Presidente da CLDF, Rafael Prudente (MDB) dá nota 8 ao trabalho dos deputados em 2019

Como destaque, citou a proposta que, segundo ele, foi o ponto de partida para a implementação da gestão compartilhada em 12 escolas públicas da capital. Falou também da votação do texto que autorizou a construção de sete novas Unidades de Pronto-atendimento (UPAs) no DF.

Para ele, a atuação dos deputados distritais no ano que termina foi boa.

“Fazendo a análise da possibilidade de melhorar os processos internos da Casa, a melhoria da gestão interna e a redução de despesas […] daria, de forma comparativa pela produtividade, uma nota 8.”

Prudente falou ainda sobre a convivência entre os deputados e o governador Ibaneis Rocha (MDB), no primeiro ano de governo. Para ele, houve uma “relação respeitosa e colaborativa”.

Já, ao ser questionado sobre a atuação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga os casos de feminicídios no DF, o presidente da Câmara foi direto ao dizer que os deputados membros do grupo – quatro homens e uma mulher – “farão um bom trabalho” e que ter a presença feminina na CPI “é um gesto simbólico”.

Ao longo da entrevista, foram abordados os seguintes temas:

  1. Balanço da atuação dos deputados em 2019
  2. CPI do Feminicídio
  3. Relação com o governador Ibaneis Rocha
  4. Projetos de destaque no ano legislativo
  5. Investigação de denúncias

Leia a entrevista

Deputado Rafael Pudente (MDB), presidente da CLDF — Foto: Marília Marques/G1

Deputado Rafael Pudente (MDB), presidente da CLDF — Foto: Marília Marques/G1

G1 – Qual balanço que a presidência da Câmara Legislativa faz do trabalho em 2019, primeiro ano da nova composição da Casa?

Rafael Prudente – Faço um balanço positivo. Porque, se formos analisar os números, tivemos quase 100% de produtividade da Casa e ainda não fechamos o ano. Temos mais projetos aprovados do que em 2018. E isso, sem no primeiro semestre ter aquelas aprovações de forma sodada.

“Imprimimos um ritmo mais acelerado de aprovação de projetos e não deixamos que eles fossem aprovados sem as devidas discussões.”

Também decidimos não varar a madrugada discutindo projetos. Todos já passaram por comissões, estavam aptos a ir para plenário e votamos sem atropelar nenhum deles.

Para imprimir esse ritmo mais acelerado, conversamos bastante com os parlamentares. Tivemos uma renovação grande na Casa e não sabíamos ao certo, no início, a postura de cada um.

G1 – Qual nota a CLDF dá ao trabalho do Legislativo em 2019?

Analisando friamente os números, com denúncias de parlamentares, processos polêmicos e pela produtividade, temos nota 8, em comparação com o ano passado.

Fazendo também a análise da possibilidade de melhorar os processos internos da Casa, a melhoria da gestão interna e a redução de despesas […], daria essa nota de forma comparativa, pela produtividade.

G1 – E ao Executivo…que nota a Câmara dá à atuação do governo do DF neste ano?

Rafael Prudente – Dou 8 ao governo também, se der 10, parece que estou puxando o saco. Dou a nota, não pelo serviço público – que está aquém do que a população merece – mas pelos avanços em várias áreas.

Ainda não temos um serviço público de qualidade no transporte… Na segurança pública temos as nossas falhas, temos problemas na Secretaria de Educação: uma fila de 25 mil crianças à espera de creches.

Também não temos delegacias das mulheres em todas as regiões administrativas e temos 300 mil desempregados na nossa cidade. Estamos nos esforçando para que os serviços melhorem.

Fachada da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) — Foto: Marília Marques/G1

Fachada da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) — Foto: Marília Marques/G1

O governo está fazendo um esforço. É difícil no primeiro ano trabalhar com uma programação orçamentária proposta por outra gestão. Mesmo com todas as dificuldades econômicas e financeiras, na minha avaliação pessoal, caminhou de forma positiva.

“Mesmo que de forma tímida, a gente vê melhoria nos níveis de desemprego da cidade. Mesmo pequenas, as obras que estavam paradas nas ruas, voltaram.”

G1 – Neste ano, a única CPI em vigor é a que investiga o feminicídio. Inclusive, dos cinco membros efetivos, quatro são homens. Como a Câmara tem encarado este fato?

Fui muito criticado pela demora em instalar a CPI do Feminicídio e isso porque os nomes eram de homens.

“Ter a presença feminina na CPI é um gesto simbólico.”

Os deputados que estão lá [na CPI] farão um bom trabalho em ajudar a sociedade e reduzir os índices. Os dados são alarmantes, infelizmente, e mancham a imagem da capital da República.

Por motivos pessoais, o deputado Fernando Fernandes (Pros) voltou à Casa e, por regimento, uma nova mulher não pode ser indicada. A deputada Jaqueline Silva foi convidada e declinou por [compromisso com] outras atividades, e a deputada Júlia Lucy não faz parte de nenhum bloco partidário, impossibilitando a indicação dela.

Por questões regimentais, infelizmente não temos a presença feminina como gostaríamos.

Presidente da CLDF, Rafael Prudente (MDB) fala sobre CPI do Feminicídio

A CPI tem dado contribuições significativas, como a campanha de estimular a denúncia e o fato de ouvir especialistas e o secretário de Segurança Pública. O objetivo é estudar os casos, o que leva ao crime, analisar os dados para colocar recursos na LOA [Lei Orçamentária Anual] de 2020 em programas que precisam de atenção maior do Estado.

A CPI deveria focar na educação, no trabalho em escolas, por uma educação não machista.

A maior parte dos casos acontece dentro de casa. A PM é acionada depois que esses casos acontecem.

G1 – E, em meio aos mais de 190 projetos votados neste ano, quais o senhor cita como de destaque para o Distrito Federal?

Rafael Prudente – Entre a aprovação de projetos importantes, destaco o serviço voluntário da Polícia Civil, que permitiu abrir as delegacias 24 horas logo no início do mandato. Têm outros relevantes também:

  • Ampliação das escolas de gestão compartilhada com a PM.
  • Construção de sete novas UPAs em áreas de atendimento precário à população.
  • Criação do Instituto de Gestão Estratégica da Saúde (Iges), que permitiu, em pouco tempo, que tivéssemos melhorias, principalmente nas UPAs e nos hospitais de Santa Maria e o de Base.
  • Extinção da cobrança do diferencial de alíquota (Difal), em especial do micro e pequeno empresário. Isso permitiu que eles pagassem menos impostos e que pudessem gerar mais empregos.
  • A volta do cartão Material Escolar. O governo investiu mais de R$ 20 milhões este ano e, para o ano que vem, a previsão é de mais de R$ 32 milhões.

Muitas vezes, as pessoas questionam que deixamos uma série de projetos para votar no fim do ano. Não foi bem assim.

A maior parte dos projetos é protocolada na Casa em janeiro e em julho. São meses de recesso em que os deputados trabalham nas legislações e, com o tempo tramitação, acaba que os projetos culminam no plenário só no fim do ano. Não tem atropelo.

Presidente da CLDF, Rafael Prudente (MDB) faz balanço sobre trabalho dos deputados em 2019

Presidente da CLDF, Rafael Prudente (MDB) faz balanço sobre trabalho dos deputados em 2019

G1 – E como está a relação entre a CLDF e o Executivo na gestão Ibaneis? Em agosto, quando o governador esteve na Casa, se envolveu em um bate-boca com um dos deputados.

É uma relação respeitosa e colaborativa. Todos os projetos foram discutidos, alguns foram aprovados, outros estão tramitando e alguns que não, porque o entendimento era o de que ainda não era o momento, como o projeto do Passe Livre.

Mantivemos um diálogo franco [com o governador]. Tenho visto a capacidade de dialogar para convencimento sobre cada uma das proposições.

O governador entrou com ânsia grande de produzir, de tocar projetos. Acaba que podem acontecer diálogos acalorados.

Governador do DF, Ibaneis Rocha, se reuniu com 8 dos 24 deputados distritais para pedir apoio ao pacote emergencial  — Foto: Renato Alves/GDF

Governador do DF, Ibaneis Rocha, se reuniu com 8 dos 24 deputados distritais para pedir apoio ao pacote emergencial — Foto: Renato Alves/GDF

G1 – O senhor pode citar exemplos de projetos recebidos dessa forma, mais acalorada?

Rafael Prudente – O das escolas com gestão compartilhada. É fato superado. O governador mandou uma carta para Câmara pedindo desculpas pelas palavras dirigidas e disse que a vontade na época era implementar esse projeto.

G1 – E sobre o orçamento e a transparência na CLDF. De que forma os deputados tentaram reduzir custos e trabalhar de forma mais acessível à população?

Rafael Prudente – No ano passado votamos 108 projetos de lei e esse ano foram quase 190 projetos [à época da entrevista, antes do recesso Legislativo].

É importante também destacar avanços significativos na Casa esse ano. Primeiro, para dar mais transparência, a CLDF não trabalha mais com papel. Implementamos o programa SEI de graça.

“Desde novembro, todos os projetos e processos são despachados de forma eletrônica, não tramitam mais em papel.”

Outra iniciativa, foi a implementação do ponto eletrônico: alteramos o regimento e as resoluções internas da Casa, mesmo sofrendo muitas discussões contrárias.

O painel eletrônico de votações começou a ser instalado. Desde 1991 até hoje, nenhuma gestão implementou. A importância é para dar mais transparência, para quem acompanhar, conseguir entender o que está sendo votado. Dará para ver como se comporta cada um dos parlamentares.

Pisamos no freio da instalação porque desativaria o plenário durante um período. Em janeiro, instalamos os equipamentos, faremos um treinamento da turma e, em fevereiro, começamos as sessões já com o painel eletrônico de votações.

Protesto pelo Passe Livre reúne cerca de 100 pessoas na CLDF — Foto: Daumildo Júnior/G1

Protesto pelo Passe Livre reúne cerca de 100 pessoas na CLDF — Foto: Daumildo Júnior/G1

G1 – E sobre os processos administrativos abertos na CLDF. Tivemos alguns casos arquivados neste ano, como o do distrital Robério Negreiros. De que forma os processos têm tramitado?

Rafael Prudente – Temos que ter responsabilidade com o mandato de quem foi eleito legitimamente pela população e analisar de forma técnica. Já fui corregedor pela Câmara Legislativa e, à época, julguei três processos da ex-deputada Liliane Roriz.

Fui criticado por solicitar o arquivamento do processo e, na mesma semana que fui questionado, o Tribunal de Justiça a inocentou nos processos que analisei.

No caso do Robério, a procuradoria entendeu que não havia motivos legais, e a mesa diretora votou de forma unânime [pelo arquivamento].

Se [a situação] ultrapassou a barreira da legislação, temos o Tribunal de Contas, a Polícia Civil e o Ministério Público.

Fonte: Marília Marques, G1 DF