O ex-distrital Cristiano Araújo (PSD) partiu para o ataque nesta quarta-feira (04/12/2019), durante a primeira audiência de instrução na ação de improbidade administrativa no âmbito da Operação Drácon, que investiga o pagamento de propina a parlamentares em troca da liberação de emendas.
Primeiro réu a depor nesta quarta-feira (04/12/2019), na 7ª Vara de Fazenda Pública, ele criticou a ex-deputada Liliane Roriz (Pros), que gravou colegas de Câmara Legislativa e denunciou o suposto esquema.
Drácon: Liliane Roriz é “desequilibrada”, diz Cristiano Araújo
Ex-distrital foi o primeiro réu a depor nesta quarta-feira (04/12/2019), em audiência na Justiça, e criticou a ex-colega de CLDF
“Eu não falava com a Liliane há seis anos. Meu pai tinha relacionamento com o pai dela, mas eu não tinha relacionamento com ela. Mesmo porque, a considero desequilibrada”, disse.
As oitivas são colhidos pelo juiz Rogério Falleiros, da 7ª Vara de Fazenda Pública e pelo promotor Clayton Germano. Logo no início, o magistrado dispensou as testemunhas, mas manteve o depoimento dos réus.
Um dos casos em apuração trata de suposto pagamento de propina em troca da liberação de R$ 30 milhões para o pagamento de serviços médicos de unidades de terapia intensiva (UTI).
Nesse processo, são réus os deputados federais Celina Leão e Julio Cesar (Republicanos), além de Cristiano Araújo e dos ex-distritais Bispo Renato Andrade (PL) e Raimundo Ribeiro (MDB).
“Nunca negociei nada”
Ainda no depoimento desta quarta, Cristiano Araújo lembrou que era da base de apoio ao então governador Rodrigo Rollemberg (PSB). “Eu votava de acordo com o governo. Era base. Fazia parte do grupo de apoio, não desse grupo citado na gravação. Nunca negociei nada de emenda com o Afonso Assad”, disse, referindo-se ao presidente da Associação Brasiliense de Construtores.
Considerado uma das principais testemunhas da Operação Drácon, Assad aparece nas denúncias de Liliane Roriz como o homem que teria se recusado a pagar propina aos parlamentares.
Cristiano nega qualquer participação em negociação de emenda. “Não tinha conhecimento de nada com o Afonso. Sabia que ele estava buscando recursos com a Secretaria de Educação, que era o papel dele como presidente da associação, assim como o papel do servidor da saúde para a saúde”, disse.
O ex-deputado lembrou que votou na emenda que mandava as sobras orçamentárias da Saúde por ser da base do governo. “Votei por ser base. Havia um acordo com o governador Rollemberg: quem canalizasse a maior parte das emendas para a saúde teria os pedidos executados”, relatou.
Cristiano Araújo disse que seria o valor de emendas que destinaria à área, provavelmente, referente a sobras de emendas pessoais.
Raimundo Ribeiro
Depois de Cristiano Araújo foi a vez do depoimento de Raimundo Ribeiro, O ex-parlamentar falou por uma hora e 30 minutos e afirmou não ter participado de nenhuma tratativa fora do rito normal da CLDF acerca de sobras orçamentárias.
“Quem faz o encaminhamento [das sobras orçamentárias] é a Mesa Diretora, por provocação da vice-presidência, ato normal para devolver o dinheiro aos cofres do Poder Executivo. Foi esse o processo das emendas, um rito comum”, destacou.
Segundo Ribeiro, havia um pedido do então governador, Rodrigo Rollemberg, para destinação de emendas para a área da saúde. A lista com os pedidos chegou a ser apelidada pelos parlamentares de “cardápio”. “Foi o único contato que tive com o assunto”, afirmou, em depoimento.
Ribeiro ainda enfatizou que não participou da votação da emenda de R$ 30 milhões em plenário. Disse que estava na colação de grau do filho de um amigo. “Eu comprovei que não participei. Fui e estou sendo acusado de algo que é inadmissível para mim”, lamentou.
A defesa de bispo Renato Andrade e Alexandre Cerqueira optou pelo silêncio. Os depoimentos de Celina, Valério e Júlio César serão prestados em 22 de janeiro.