Família de maníaco: “Nosso sentimento é de muita tristeza” “Nunca vou esquecer que ele é meu pai, quando ele sair quero abraçá-lo”

Família de maníaco: “Estamos tentando entender o que ele fez”

O Metrópoles conversou com a companheira e a filha de Marinésio Olinto. Emocionadas, pediram perdão aos parentes de Letícia Curado

ANDRE BORGES/ESPECIAL PARA O METRÓPOLES
A família de Marinésio dos Santos Olinto (foto em destaque), 41 anos, pediu perdão aos parentes de Letícia Sousa Curado, 26. A companheira e a filha do assassino confesso da funcionária do Ministério da Educação (MEC) conversaram com o Metrópoles nesta terça-feira (27/08/2019), sob a condição de terem os nomes e os rostos preservados, por medo de represálias.

O pedido de perdão foi feito pelo pai de Marinésio. “Ele está muito abalado. Em choque”, contou a filha do cozinheiro, de 16 anos. A mulher vive com Marinésio desde 2002. Disse que o homem tinha uma vida normal e nunca suspeitou da série de crimes que o cozinheiro é acusado. Até ele ser preso na madrugada de domingo (25/08/2019), não tinha passagens pela polícia. Ele é considerado uma pessoa tranquila, pacífica e muito cuidadosa com a companheira e a filha. Caseiro, não gostava de tirar fotos. Nem de redes sociais.

Nem mesmo na sexta-feira (23/08/2019), dia em que Letícia foi levada por ele de uma parada de ônibus em Planaltina, morta logo em seguida e jogada em uma manilha às margens da DF-250, os familiares do cozinheiro notaram algo estranho. “Ele me levou para a escola. Foi na minha tia. E depois me buscou. Normal”, contou a jovem.

Desde que o caso veio a público, mãe e filha vivem apreensivas. Segundo contam, carros e motos passam na rua a todo momento. Os condutores com dedos em riste julgam e soltam palavras pesadas. “As pessoas ficam tumultuando. Quem paga o pato é a família. Que ele errou, errou. Mas é injusto descontar na família”, disse a companheira.

Para ela, Marinésio deve pagar pelos crimes. “Temos que superar. Seguir a vida em frente. Se ele fez, tem que assumir o que fez”, disse a mulher, com lágrimas nos olhos. A família, porém, não pensa em abandoná-lo. “Nunca vou esquecer que ele é meu pai. Independentemente do que acontecer, vai continua sendo meu pai. E quando ele sair quero abraçá-lo”, pontuou a adolescente.

Mãe e filha deram entrevista no portão da residência, que é humilde. Ambas emocionadas e com a voz embargada. “Nosso sentimento é de muita tristeza. Abatimento. Estamos confusas. Tentando entender o que ele fez. A ficha não caiu”, desabafou a mulher.

Mais denúncias

Até agora, pelo menos três vítimas foram à 31ª Delegacia de Polícia (Planaltina) para denunciar Marinésio dos Santos Olinto, acusado de matar Letícia Sousa Curado, 26, e Genir Pereira de Sousa, 47. Entre elas, duas irmãs que foram atacadas pelo serial killer no sábado (24/08/2019), na Rodoviária de Planaltina, menos de 24 horas após o assassinato da funcionária terceirizada do MEC.

Elas contaram que saíam de uma festa na madrugada quando o homem ofereceu carona. Resolveram aceitar. As jovens, de 18 e 21 anos, disseram que começaram a estranhar no momento em que Marinésio passou a fazer trajeto diferente da casa delas, no Bairro Estância II, e foi em direção ao Vale do Amanhecer, onde ele mora. Relataram ainda terem sido assediadas.

O outro caso foi de uma jovem de 23 anos, abordada na Rodoviária de Planaltina, no dia 11 de agosto. Com isso, são pelo menos cinco vítimas do maníaco que agia sempre da mesma forma. Oferecia carona ou se passava por loteiro, para atacar suas vítimas.

A jovem de 23 anos também foi à delegacia. Ela contou que esperava o transporte quando Marinésio, desconhecido até então para a vítima, parou a sua GM Blazer prata e ofereceu carona. Ao perceber que o homem começou a seguir para o Morro da Capelinha, a mulher entrou em pânico e pediu que o criminoso parasse o veículo. “Agora você vai comigo para lá”, teria dito o maníaco, segundo depoimento da jovem.

A moça começou a gritar, dizendo que iria pular do carro. Só então Marinésio resolveu deixá-la sair do automóvel. A vítima conta ainda que não fez registro de ocorrência na ocasião por temer a repercussão do episódio. Após o caso de Letícia vir à tona, reconheceu o acusado e procurou a 31ª DP (Planaltina).

“Graças a Deus, estamos vivas”

Metrópoles localizou as duas irmãs na manhã desta terça-feira (27/08/2019), em Planaltina. “Como estava tarde e não tinha transporte, resolvemos aceitar a carona dele. Estávamos cansadas, voltando de um show, e vimos a oportunidade de chegar logo em casa. Entramos e falamos para onde iríamos. De repente, percebemos que ele mudou o percurso e foi em direção à Rajadinha. Neste momento, me forçou a pegar nas partes íntimas dele. Eu disse que não queria, porque sou casada”, comentou a irmã mais velha.

Foi quando a jovem de 18 anos encontrou uma panela de ferro no banco traseiro da Blazer e disse a Marinésio que quebraria o vidro do carro caso ele não parasse o veículo. “Ele parou e descemos desesperadas. Um outro motorista viu a movimentação e nos trouxe até a porta de casa”, relatou a mais nova.

No domingo (25/08/2019), as meninas viram a imagem do homem nas redes sociais e o reconheceram. “Hoje, agradecemos a Deus por não ter ocorrido com nós duas o mesmo que aconteceu com Letícia. Foi uma sorte. Depois da abordagem, vimos que ele estava com uma cara de ser um homem muito ruim. Graças a Deus, estamos vivas”, ressaltou uma das denunciantes.

A mãe das jovens também se mostrou aliviada. “Senti uma coisa muito ruim no peito naquela manhã. Coração de mãe não se engana. Estava aflita naquele momento. Penso nisso todos os dias. Hoje, podia ser eu chorando a morte das minhas filhas também. Prestamos os nossos sentimentos à família da Letícia”, disse. Nenhuma das vítimas quis se identificar.