Sem Campelo, PPS caminha para nova coligação

Data:25-07-17 Valmir Campelo no Jornal de Brasilia Foto: Kléber Lima

POLÍTICA & PODER  ADMINISTRADOR JBR 

Abandonando pré-candidatura, Campelo deixa espaço para alianças com condições de apoiar projeto de reeleição do correligionário senador Cristovam Buarque. Foto: Foto: Kleber Lima

Francisco Dutra
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A retirada da pré-candidatura ao Palácio do Buriti de Valmir Campelo pavimentou a aproximação do PPS com duas forças em franco movimento majoritário pelo Governo do Distrito Federal. Por um lado, a agremiação pondera navegar com PSD, PSDB e PRB, já em fase de união com a Frente Cristã. Por outro, também avalia apoio ao projeto de centro-esquerda protagonizado pelo PDT.

O PPS buscava compor alianças incluindo dois nomes seus entre os majoritários, Campelo e o senador Cristovam Buarque, cujo alvo é a reeleição. Mas esta mão dificultava as negociações com os outros partidos. No entendimento da maioria dos líderes partidários locais cada agremiação tem espaço para apenas um nome majoritário.

Em carta pública, Campelo alfinetou o atual sistema político. “A maioria dos dirigentes partidários não está preocupada com as biografias, com a densidade eleitoral, mas sim em garantir seu próprio espaço, garantir sua reeleição, enfim, pensar em seus interesses próprios antes de mais nada. Uma verdadeira inversão de valores”, provocou.

Linha de frente

Segundo o presidente regional do PPS, Francisco Andrade, Campelo continua no partido, sendo personagem estratégico para decisões e podendo voltar a linha de frente das urnas para qualquer cargo, conforme os futuros desdobramentos do tabuleiro pré-eleitoral.

Mas, no cenário atual, Andrade observa condições para o fortalecimento natural dos laços com PSD, PRB, PSDB ou com o PDT. “Na decisão do Congresso Nacional do PPS, do qual participei, iniciamos diálogo com o PSDB, em apoio à pré-candidatura de Geraldo Alckmin para a Presidência da Republica. Temos o objetivo de criar um centro democrático para tirar a eleição da polarização atual, entre Jair Bolsonaro (PSL), e a esquerda populista, marcada pelo lulo-petismo”, comentou.

Por enquanto, a diretriz da Executiva Nacional pede para os diretórios regionais buscarem melhor articulação com partidos próximos da composição para o Planalto. Ou seja, até agora, não há imposição. E nesta brecha respira a possibilidade de composição com o PDT, endossada, justamente, por Cristovam Buarque. Para o senador, o presidente da Câmara Legislativa, o deputado distrital Joe Valle (PDT) pode seguir na luta pelo GDF.

A movimentação das peças deixa cada vez distante uma composição do PPS com Jofran Frejat (PR). Para Andrade não há uma vígula contra o pré-candidato republicano ao GDF. As ressalvas surgem no entorno de Frejat. “Por várias razões. Neste grupo há políticos que já estiveram presos. E não temos tido espaço para conversar sobre essas questões. Queremos disputar votos e não dar explicações” resumiu. Hoje, Frejat busca uma aliança base com MDB, DEM, PTB, PP e PSDB.

Fôlego para selar alianças majoritárias

Dirigentes do PDT e da Frente Cristã esperam o avanço das conversas com PPS. O grupo político de Joe Valle enxerga possibilidade de composição com Cristovam mesmo com Ciro Gomes (PDT) disputando votos com Alckmin ou outro nome tucano pelo Planalto.

Em 2014, o PDT apoiou Dilma Rousseff (PT) para a Presidência, mas não fechou com a reeleição de Agnelo Queiroz (PT). A opção foi Rodrigo Rollemberg (PSB). E nos cálculos do diretório regional não está descarta uma aliança com a Frente Cristã. O impedimento seria para forças com o perfil do DEM.

Para o presidente regional do PRB, Wanderley Tavares, Campelo é um nome de peso e será determinante para as alianças. “Conversamos bem e há chances de estarmos juntos em outubro”, completou.

Na leitura do presidente regional do PSD, deputado federal Rogério Rosso, a saída de Campelo não interfere no tabuleiro. Rosso ressaltou que PPS e PSD tem organizado uma união há meses.

Saiba mais

Valmir Campelo foi ministro do Tribunal de Contas da União, senador e deputado federal.

Campelo lançou pré-candidatura em 24 de fevereiro. O movimento desconstruiu a Frente Alternativa composta por PPS, PSD, PDT e PCdoB.

Para Wanderley Tavares, do PRB, todo político tem o direito em pensar em cargos majoritários. Não há nada definido e nenhum favoritismo.

A Executiva Nacional do PRB deverá definir a aliança da candidatura majoritária para o Planalto em breve.

A Frente Cristã é composta por PSD, PSDB, PRB, PSC, DC, PMN e Patriotas.

A aproximação com Frejat também era vista com bons olhos por Cristovam Buarque.

PSD e PSDB nutrem o projeto de replicar as bases das alianças nacionais no DF.

Fonte: Jornal de Brasilia