Bancada no DF acena com renovação

POLÍTICA & PODER  ADMINISTRADOR JBR 

Myke Sena

Deputados do Distrito Federal falam em voos mais altos e até em deixar a vida pública. Se suas previsões se cumprirem, só três, dos oito integrantes atuais tentarão renovar seu mandato na Câmara

Camila Costa

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Vamos pensar que todos – ou quase – deputados federais eleitos pela população do Distrito Federal (DF) consigam por em prática as pretensões políticas para a partir do próximo ano. De oito parlamentares nessa legislatura, o DF não manteria sequer metade dos atuais nomes. Eles tentam subir para o Senado, ocupar o gabinete que hoje é de Rodrigo Rollemberg (PSB) no Governo do DF, traçam estratégias em coligações para chapas majoritárias e até falam em abandonar a vida pública.

A reeleição já é assunto encerrado para o deputado Ronaldo Fonseca (Pros). O comunicado oficial sobre a decisão do parlamentar foi feito recentemente. Fonseca se diz com “pré-disposição” de não ser candidato em 2018. “Essa é a minha possibilidade. Mas, claro, a pressão do segmento está muito grande para ser candidato ao Senado”, confessou.

Mesmo nessa estratégia, o deputado contribuiria para a debandada federal da Câmara dos Deputados. Nos últimos dias, Ronaldo Fonseca estreitou as conversas com o Podemos, mas ainda não fechou nenhuma composição. “Essa ausência de parlamentares para a próxima Câmara é um pouco prejudicial porque querendo ou não o que temos hoje são deputados experientes. Mas pode ser que venham pessoas novas. Não é isso que a população quer?”, questionou.

Sonhos com o Buriti

Izalci Lucas (PSDB) e Alberto Fraga (DEM) também se dizem dispostos a abandonar a Casa. Por enquanto, brigam pelo posto de chefe do Executivo local. Só que, em uma segunda estratégia, Fraga poderia seguir para o Senado. “É evidente que quem não tinha mandato vai entrar, como Eliana, Filippelli, que podem retornar na próxima eleição. Mas, de qualquer forma, a renovação será maior do que a habitual”, ponderou. Izalci se refere a pré-candidatura do presidente regional do PMDB, Tadeu Filippelli, para deputado federal, e a intenção da ex-deputada distrital Eliana Pedrosa, recém filiada ao Podemos, disputar um cargo majoritário.

Opções

Érika Kokay enfrenta o quociente eleitoral
Mesmo bem votada, petista corre risco de ficar de fora

  • Se Izalci Lucas e Alberto Fraga brigam por uma candidatura ao Buriti, isso seria fácil para a também deputada federal Érika Kokay. Seu partido, o PT, já fez até apelos para que se candidate, diante da ausência de outros nomes fortes. Hoje presidente regional do partido, Érika não aceitou. O mesmo fizeram vários eventuais candidatos com reconhecimento amplo do nome. O resultado é que o PT só tem à sua disposição, hoje, dois sindicalistas que nunca se elegeram para qualquer cargo público.
  • Única deputada federal eleita pelo PT, com 92 mil votos, Érika tem sua reeleição praticamente assegurada. Não se arriscaria em uma aventura para o Buriti. Enfrenta, porém, o problema representado pelo quociente eleitoral, que precisa ser alcançado por qualquer partido ou coligação para eleger alguém.
  • Tudo indica que em 2018 esse quociente ficará um pouco acima de 250 mil votos. Na eleição passada, a coligação encabeçada pelo PT alcançou 391 mil. O problema é que desta vez não contará com aliados fortes, como PP ou PRB. De quebra, mesmo petistas fortes, como Geraldo Magela, não querem disputar a Câmara federal.
  • Érica corre, assim, o risco de obter boa votação – foi a terceira maior em 2014 – e ainda ficar de fora. Precisa reforçar a chapa.

Tem até quem vá a vice

No melhor dos cenários, a renovação será no mínimo de 50%, isso se a deputada federal Erika Kikay (PT) tiver número de votos suficientes para não precisar contar com o quociente eleitoral e renovar seu mandato pelo o que chamam de “sobra”. Assim, tentariam reeleição ainda o deputado federal Laerte Bessa (PR), Augusto Carvalho (SD) e o presidente regional do PSD, Rogério Rosso.

“Meu objetivo é continuar pela polícia, trabalhar para ver as duas corporações, militar e civil, trabalhando juntas. Quero cumprir essa missão”, afirmou Laerte Bessa, contrariando a ideia de que buscaria posto no Executivo.

Já citado como candidato a senador, Rogério Rosso acredita que precisa de mais um tempo na Câmara dos Deputados para conseguir aprovar projetos de interesse do DF. “Queremos montar de baixo para cima, uma base sólida no partido, com as nominatas e candidaturas para distrital e federal para, só depois, pensar nos majoritários. Por isso ainda avalio a reeleição”, justificou Rosso.

Rôney Nemer (PP) ainda não decidiu o rumo, mas a tendência é de que sai a vice na chapa com Jofran Frejat para o governo do DF.