Jardim de Infância na Asa Norte é referência em sustentabilidade

Os alunos participam de todo o processo de plantio, incluindo o cuidade com o minhocário, de onde sai o adubo da horta escolar. Foto: Toninho Tavares/Agência Brasília

Rotina escolar dos alunos, de 4 e 5 anos, inclui cultivo de horta, reúso de água e produção de adubo

MARIANA DAMACENO, DA AGÊNCIA BRASÍLIA

No Jardim de Infância 404 Norte, a regra é clara: ao entrar na sala de aula, os alunos devem pegar suas garrafinhas com água e tirar os sapatos. Lá, andar descalço faz parte da lição.

Os alunos do Jardim de Infância 404 Norte participam de todo o processo de plantio, incluindo o cuidado com o minhocário, de onde sai o adubo da horta escolar. Foto: Toninho Tavares/Agência Brasília

“É para terem o contato com a natureza e aprenderem a diferença entre as texturas também”, exemplifica Vivyane Morais, professora que presta apoio pedagógico na unidade de ensino. Com a diretora, Rosimara Albuquerque, ela toca os projetos de sustentabilidade.

A rotina dos pequenos, de 4 e 5 anos, ainda inclui coisas simples como escovação de dentes adequada e alimentação saudável, com sucos naturais e bolos feitos, na maior parte das vezes, de produtos da horta escolar — da qual os próprios estudantes ajudam a cuidar.

Eles plantam, colhem e participam de todo o preparo do adubo. “A casca da fruta que eu como eu jogo lá”, diz Vitor Alexandre Fumian, de 4 anos, ao se referir à composteira. Além disso, eles auxiliam na manutenção do minhocário.

1.000 litrosMédia de economia diária com água no Jardim de Infância da 404 Norte

Para garantir a continuidade da horta, mesmo com a crise hídrica, as servidoras estudaram maneiras de reutilizar a água. Com a orientação da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do DF (Emater-DF), o jardim de infância reaproveita a que os alunos usam para lavar as mãos.

A economia é de pelo menos mil litros de água por dia. O líquido utilizado da torneira é captado para depois ser filtrado e levado até um reservatório, de onde é bombeado para chegar à horta pelo sistema de irrigação.

Comunidade participa do dia a dia escolar

A diretora Rosimara conta que os projetos não seriam possíveis sem a colaboração dos pais e de voluntários da comunidade, que acompanham ativamente o dia a dia escolar.

A mãe de Vitor, por exemplo, a professora universitária Virgília Borel, participará em abril de uma avaliação do peso e da altura de todos os alunos.

O pequeno Vitor Fumian, de 4 anos, planta muda na horta escolar. Foto: Toninho Tavares/Agência Brasília
O pequeno Vitor Fumian, de 4 anos, planta muda na horta escolar. Foto: Toninho Tavares/Agência Brasília

Formada em enfermagem, terá a ajuda de um estudante de nutrição, voluntário como ela.

Em paralelo, no próximo mês, haverá oficina de receitas saudáveis para incentivar as famílias a cuidarem da alimentação em casa.

Na escola, os pais já são orientados a não mandarem comidas industrializadas para o lanche. “O Vitor mesmo já pegou o hábito de escolher a fruta que ele vai trazer”, conta Virgília.

Entre as atividades da instituição ainda estão coleta seletiva e reciclagem. Os brinquedos pedagógicos e lembrancinhas ali produzidos são feitos com embalagens vazias que os alunos juntam em casa.

A escola também aceita rejeitos, como borra de café e cascas de frutas, para os processos de adubagem. “O jardim de infância é para ensiná-los a ter autonomia, a cuidar deles, do outro e do mundo”, resume Vyviane Morais.

Anualmente, com o intuito de aproximar ainda mais escola e comunidade, as crianças fazem uma passeata na quadra para divulgar práticas sustentáveis.

Primeira da Asa Norte, unidade já recebeu o Selo Verde

Referência entre os jardins de infância da rede pública de ensino do DF, o da 404 foi o primeiro da Asa Norte e hoje tem 180 alunos.

Inaugurado em 1964, é o único que já recebeu o Selo Verde. Foi em 2016, em um festival que trata de sustentabilidade.

Agora, as gestoras planejam começar um projeto de aquaponia, sistema que une a psicultura à hidroponia — cultivo de plantas sem o uso de solo, mas com raízes submersas na água.

Além disso, querem instalar calhas para otimizar o reaproveitamento de água e usar o recurso para lavar dependências da escola.

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EDIÇÃO: RAQUEL FLORES