Auditor fiscal detido no ano passado volta a ser preso. Policiais cumprem 45 mandados de prisão temporária.
Por Mara Puljiz, Rita Yoshimine, Braitner Moreira e Gabriel Luiz, TV Globo e G1 DF
15/03/2018
A Polícia Civil e o Ministério Público do DF fazem na manhã desta quinta-feira (15) uma operação para cumprir 45 mandados de prisão temporária de suspeitos de fraudar o Sistema de Bilhetagem Automática (SBA) do DFTrans. Até as 8h, ao menos 20 pessoas haviam sido presas.
A estimativa da polícia é de que os desvios desde 2014 ultrapassem R$ 1 bilhão. A Justiça autorizou que a investigação tenha acesso ao banco de dados do sistema administrado pelo DFTrans para analisar o tamanho do rombo nos cofres públicos.
As prisões são feitas no DF, em Valparaíso (GO), na Cidade Ocidental (GO), em João Pessoa (PB) e no Recife (PE). Entre os alvos, está o auditor fiscal Pedro Jorge Brasil, preso na operação Check List, deflagrada no ano passado. Segundo as investigações, ele liderava o grupo criminoso. A mulher dele, Hedvane Ferreira, também foi detida.
O auditor é servidor da Secretaria de Mobilidade do DF, com salário líquido de R$ 13.228,46. Ele teria criado empresas fantasmas e se aproveitado da condição de fiscal de atividades urbanas para vincular nestas companhias funcionários falsos que passavam a receber vale-transporte.
A divisão de tarefas era feita assim:
- Inseridores: colocavam as empresas fantasmas e os funcionários falsos no sistema do DFTrans, dando início ao esquema;
- Validadores: validavam a compra de crédito de vale-transporte para os cartões gerados de forma fraudulenta;
- Descarregadores: permissionários que descarregavam os cartões nos ônibus; transformavam os créditos do vale-transporte em dinheiro em espécie
Quem participava
Segundo as investigações, Pedro Jorge contava com o apoio de um analista de sistemas, que inseria no sistema do DFTrans as empresas inexistentes, e com o de outros funcionários do DFTrans, que atualizava senhas de acesso ao sistema.
O grupo descarregava os créditos dos cartões de vale-transporte nos validadores de ônibus que faziam trajetos rurais de forma sequencial e em linhas distintas. A última “equipe”, que transformava créditos fictícios em dinheiro em espécie, tinha pessoas físicas e jurídicas prestadoras do serviço de transporte público.
A garagem da Viação Pioneira, no Gama, foi alvo de buscas e apreensões. Também estão sendo presos advogados e permissionários de empresas que atuam na área rural.
Lista de crimes
Os integrantes do grupo criminoso são investigados pelos seguintes crimes:
- Quadrilha ou bando (artigo 288)
- Estelionado majorado (artigo 171, §3º)
- Peculato (artigo 312)
- Inserção de dados falsos em sistema de informação (artigo 313-A)
A Operação Trickster reúne mais de 300 policiais de duas grandes coordenações da Polícia Civil do DF: a de Combate ao Crime Organizado, ao Crime contra a Administração pública e contra a Ordem Tributária (Cecor) e a de Repressão a Fraudes (Corf).
Segundo a polícia, a ação recebeu esse nome porque na mitologia um trickster é um espírito que prega peças e desobedece regras e normas de comportamento.
Fonte: G1 DF