Lancha incendeia no Lago Paranoá e deixa 5 feridos

Suspeita é que falha mecânica tenha provocado incêndio em lancha no Lago Paranoá

CIDADES  ADMINISTRADOR JBR Foto: Myke Sena/Jornal de Brasília

Passeio em família terminou com cinco feridos, queimados por motor

Jéssica Antunes e Raphaella Sconetto
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Um passeio de barco em família quase acabou em tragédia. Na tarde desse domingo (25), cinco pessoas ficaram feridas após o compartimento do motor de uma lancha explodir no meio do Lago Paranoá. Os envolvidos foram levados para o Hospital Regional da Asa Norte (Hran) com queimaduras de primeiro e segundo graus. A principal hipótese é de que tenha havido falha mecânica. Não há informações de irregularidades da lancha ou do condutor.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, o condutor, Mauricio Leal de Freitas, comprou lancha Barbarella há pouco tempo, e ambos estariam com a documentação em dia. No início da tarde de ontem, o proprietário saiu para passear com esposa, dois filhos dela e a amiga de um deles. “No momento do acidente eles estavam deitados na parte de cima do motor da lancha e, na terceira vez em que tentaram dar partida, houve explosão e labaredas subiram”, contou o capitão Mauricio Felipe ao JBr..

Os bombeiros socorreram os feridos com lanchas e os levaram a uma ambulância, que os encaminhou ao Hospital Regional da Asa Norte, referência no atendimento a queimados. Após o socorro, o condutor deixou o local e, por horas, teve o paradeiro desconhecido. A embarcação foi localizada a quase sete quilômetros do local do incidente, na marina Motonáutica.

De acordo com o CBMDF, o condutor da lancha saiu do local para que pudesse saber o estado clínico da família na unidade médica. O dono da marina motonáutica pediu para não ser identificado, mas disse que a lancha era apenas marinada no local, e que não tem responsabilidade quanto às causas da explosão ou conserto da embarcação.

“A Marinha do Brasil informou que a documentação está certa e vai ao local averiguar as informações”, ressaltou o bombeiro Mauricio Felipe. Três extintores da própria embarcação foram utilizados para extinguir o fogo. A princípio, a principal hipótese é de falha mecânica. A Polícia Militar do Distrito Federal disse que não foi acionada para a ocorrência.

Todos pularam na água

As vítimas tiveram queimaduras em várias partes do corpo. Alguns, em estado mais grave, apresentaram bolhas na pele. O condutor teve apenas uma queimadura na perna e foi por conta própria ao hospital, após atracar a lancha na marina.

Em duas ambulâncias, foram levados para o hospital uma adolescente de 16 anos, com queimaduras de primeiro e segundo graus no rosto, braço e tórax; Patrick Lopes de Andrade Pontes, 23 anos, com lesões de primeiro grau nas costas braço ombro e peito; e Valderia Leopoldina Lopes, 47 anos, esposa do condutor, com queimaduras de primeiro e segundo graus na região dorsal e nas pernas.

Bruna Mendes Garcia, 21 anos, é a única vítima que não tem parentesco com os envolvidos. Ela é amiga de Patrick e foi levada ao hospital com queimaduras de primeiro grau na região dorsal e braços. A estudante confirmou a versão dos bombeiros: “A gente estava sentado no estofado, onde é permitido sentar, todos conversando. A lancha estava parada perto da Barragem e ele (Maurício) foi ligá-la para passear. Tentou duas vezes e não estava ligando. Aí, na terceira, veio a explosão”, lembra. “Subiu uma fumaça preta. Não sei como não fomos acertados com pedaços do motor. Aí nossa reação foi pular na água e pedir socorro”, completa.

O socorro veio de outras embarcações que estava próximas. “Depois que pulamos, mais barcos apareceram para ajudar a gente. Foi só o tempo de a ambulância chegar e nos trouxe para o hospital”, afirma. Bruna não se lembra de como a lancha ficou e nem se ela continuou pegando fogo. Apesar dos queimados, a estudante diz estar aliviada. “Estou bem. A queimadura arde muito, mas foi só um susto. Foi um milagre, porque com o que aconteceu a gente poderia ter morrido”, conta.

Ao deixar o hospital, Maurício apenas mancava e não estava com curativo. Ele e a família foram liberados ontem do Hran por volta das 17h30. Eles não quiseram dar entrevista à imprensa.

Saiba mais

Em nota, a direção do Hospital Regional da Asa Norte informou que as vítimas sofreram queimaduras por chama direta – por conta da explosão do motor. No entanto, não há feridos graves e, por isso, ninguém precisou ficar internado. “ Eles receberam analgesia e curativos para serem liberados, com orientação de retorno para o ambulatório de queimados”, apontou.

A reportagem entrou em contato com a Marinha do Brasil para saber se a lancha e o condutor estavam habilitados, porém a corporação não soube esclarecer as dúvidas. Em nota, apenas esclareceu que uma equipe foi enviada ao local do acidente: “Um inquérito foi instaurado para apurar causas, circunstâncias e responsabilidades”.