Lula chega e Porto Alegre para: medo de depredações faz lojas fecharem

Ex-presidente já chegou a ato no centro da capital gaúcha. Durante caminhada de apoiadores do petista, comércio baixou as portas

Michael Melo/Metrópoles
Saulo Araújo

Enviado especial a Porto Alegre (RS) – Os manifestantes pró-Lula saíram em marcha do acampamento Anfitiatro Pôr do Sol rumo a, Esquina Democrática, tradicional ponto de mobilizações populares no centro da capital gaúcha. Ali, o ex-presidente fará um pronunciamento ao início da noite desta terça-feira (23/1).

O petista chegou a Porto Alegre, pouco antes das 17h, e foi recebido por parlamentares e integrantes dos diretórios regional e nacional do Partido dos Trabalhadores (imagem abaixo). Por volta das 18h17, ele chegou à Esquina Democrática e subiu ao carro de som – era esperado por 60 mil pessoas, de acordo com os organizadores: a Brigada Militar não divulgou estimativas. Até o momento, os participantes aguardam a manifestação do presidente de Honra do PT, cuja defesa tenta, nesta quarta (24), revogar a condenação de 9 anos e 6 meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, durante julgamento em Porto Alegre.

O ato foi aberto pelo cantor Chico César. A presidente Nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, o ex-ministro da Saúde do governo Dilma Rousseff Alexandre Padilha e a própria ex-presidente da República discursaram antes de Luiz Inácio Lula da Silva.“O país está sendo estralhaçado. O ato do golpe é impedir que Lula se candidate. Enquanto aqueles que andam com mala pra cima e pra baixo estão livres, ele está sendo acusado de algo que não fez”, apontou Dilma. “Eles (direita) não têm candidato à Presidência da República e, por isso, têm medo do Lula. Não importa que seja com uma injustiça, mas querem retirá-lo do páreo”, destacou.

Incidentes
Enquanto a ex-presidente Dilma Rousseff discursava, uma senhora passou mal e a ex-presidente da República, do alto do carro de som, orientou o atendimento à militante: “Tragam a companheira pra cá, ajudem aí. Deem uma força pra ela”, pediu.

Bem diferente do incidente registrado na chegada de Lula ao local da manifestação. O veículo quase atropelou uma mãe com uma criança e o repórter fotográfico do Metrópoles, Michael Melo, enviado especial a Porto Alegre. “Tive que pegar a criança e passar ela para um segurança do outro lado da grade, ou seríamos esmagados”, contou o fotojornalista.

Medo de tumulto
Mais cedo, durante a marcha da militância entre o acampamento montado na capital gaúcha e o local do ato com o ex-presidente, o comércio da cidade fechou as portas. Lojistas temiam que houvesse quebra-quebra. Várias lojas encerraram as atividades antes das 17h (o horário normal é 19h).

Gerente de uma loja de enxoval de bebê, Romancir Alves da Costa, 47 anos, teme que o estabelecimento seja alvo de depredação caso os manifestantes pró-Lula esbarrem com eleitores contrários ao petista.

“Já vimos eles quebrando tudo em outros estados. Melhor perder um pouco de dinheiro e fechar mais cedo do que correr o risco de um prejuízo material muito grande”, afirmou Romancir da Costa.

Os comerciantes resolveram finalizar o dia de trabalho em seus estabelecimentos, desesperados com a aproximação da chamada “onda vermelha”. As agências bancárias protegeram suas portas com grades e tapumes de madeira, também temendo depredações. Os próprios policiais da Brigada Militar orientavam os lojistas que ainda mantinham seus estabelecimentos abertos a fechar as portas imediatamente, por motivo de segurança, durante a caminhada petista.

Confira imagens da marcha e da reação do comércio portoalegrense à aproximação dos apoiadores do ex-presidente: 

 

Entre os milhares de manifestantes brasileiros presentes na Avenida 7 de Setembro, onde Lula discursará, há também estrangeiros. O servidor público Leonel Molinelli, 47 anos, veio do de Montevidéu, no Uruguai, para se solidarizar com o ex-presidente brasileiro. Para ele, repúblicas democratas não podem alijar um candidato antes do pleito e defendeu que Lula seja julgado nas urnas. “Vim porque me solidarizo com o povo brasileiro e sua história”, resumiu.

Além dos bloqueios terrestres no centro da cidade, o espaço aéreo sobre o local da manifestação pró-Lula está fechado. Há ainda embarcações de prontidão no rio Guaíba, pois em suas imediações está localizada a sede do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), onde será julgado o recurso de Lula contra a condenação em primeira instância.