Distritais se movimentam para reviver projetos que lhes dão superpoderes

    Mal a presidência da Câmara Legislativa anunciou o engavetamento de duas propostas polêmicas, criadas para tentar inviabilizar a abertura de processos de cassação de parlamentares, e um grupo de distritais se movimenta nos bastidores para tentar ressuscitá-la. Os defensores dessa retomada, aliás, estariam condicionando a participação deles na aprovação do Fundo Especial da Dívida Ativa (Fedat), matéria de interesse do Executivo que tramita na Casa, desde que os dois textos sejam desengavetados.
    Dessa forma, o grupo pretende recolocar as ideias em pauta ou alterá-las. Pode ser até que projetos semelhantes sejam apresentados. A urgência na apreciação está baseada na tese de que, numa nova composição, não se sabe se a maioria dos parlamentares da próxima legislatura assumiria algum compromisso para proteger colegas envolvidos em ações criminais e por improbidade administrativa em andamento na Justiça.

    Um dos projetos de resolução trata justamente da exigência de trânsito em julgado de ações judiciais para que ocorra a abertura de investigação interna contra os distritais. Dos deputados reeleitos, Cristiano Araújo (PTB), Agaciel Maia (PTC), Wellington Luiz (PMDB) e Liliane Roriz (PRTB) têm investigações na esfera do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) e ações por motivos diversos na Justiça. Por meio da assessoria de Comunicação, a filha do ex-governador Joaquim Roriz diz que não vê com bons olhos discutir novamente o tema neste ano.
    Entre a tarde de terça-feira, quando se decidiu sobre a retirada dos projetos internos, e o fim da tarde de ontem, vários deputados foram procurados pelo grupo para tentar fazer a manobra. A maioria se colocou contrária a voltar à discussão até o fim do ano. Pelo menos dois foram veementes na rejeição, os petistas Wasny de Roure, presidente do Legislativo, e Chico Vigilante.
    Ambos preferiram não identificar os interlocutores, mas confirmaram a articulação. “Existe o compromisso público assumido por mim de não votar. Eu fui procurado e não aceito conversar sobre isso. Se for condicionante para não votar o Fedat, então, não votaremos. Enquanto eu for vivo, esses PRs não voltam a ser debatidos. Só por cima do meu cadáver é que eles voltam à pauta”, garantiu Wasny. Como presidente, ele tem a prerrogativa de incluir ou não um assunto nas votações. “Não farei isso. Assumi a responsabilidade e o desgaste.” Ele assinou uma das propostas e votou “sim” em 1º turno, mas voltou atrás e retirou as propostas da pauta.

    Fonte: evando carmo