MPB4 leva Rollemberg a dilema. Polícia não pode viver ao Deus dará

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    A cabeça do governador eleito do Distrito Federal Rodrigo Rollemberg (PSB) está ocupada desde a quarta-feira 19 com o MPB4. Na noite daquele dia, pouco menos de 1 mil delegados, reunidos informalmente, selecionaram em uma lista tríplice entre 10 candidatos, os nomes que serão indicados  para ocupar a Diretoria-Geral da Polícia Civil.
    Éric Sebba, Maurílio Rocha e João Carlos Lóssio, nessa ordem, despontaram entre os preferidos da categoria. Aí reside o problema. É que o delegado Plácido Rocha Sobrinho, que sequer se dispôs a apresentar o nome para apreciação dos colegas, é amigo de infância de Rollemberg. Consequentemente, a composição da lista pode ter sido em vão.

    Policiais experientes avaliam que o governador terá uma missão difícil pela frente. O cenário que se desenhou a partir da reunião de quarta-feira ficou nublado. E embora Plácido seja respeitado no ambiente policial, há quem questione o fato de ele ter se omitido na disputa. A partir daí, começam as composições dos diferentes grupos.

    O delegado Éric Sebba tem quatro pontos a seu favor. Não bastasse o fato de ter vencido a consulta feita entre os colegas (207 votos, contra 168 de Maurílio Rocha e 150 de João Carlos Lóssio) ele é uma espécie de queridinho no âmbito da categoria. É respeitado por delegados e as vezes até endeusado por agentes.
    O terceiro item, que pode pesar na sua escolha, é a estreita ligação de Éric Sebba com o senador eleito José Antônio Reguffe (PDT). Embora o ainda deputado pedetista tenha dito que não deseja influir na montagem da equipe de Rollemberg, sabe-se que todo político por mais isento e probo que seja, não deixaria passar a oportunidade de ter um amigo em uma área tão sensível e influente como é a Polícia Civil. Por fim, deve-se registrar em quarto lugar, que o delegado que encabeça a lista tríplice tem o perfil ideal para resgatar a imagem e o respeito da hierarquia na instituição.
    Já o delegado Maurílio Rocha, segundo mais votado, é muito bem relacionado politicamente. Perspicaz e inteligente aos olhos dos colegas, tenta compor uma dobradinha com Plácido Sobrinho. Algo do tipo um cabeça de chapa, outro adjunto. E vice-versa. O problema é que Maurílio é da mesma escola do atual diretor Jorge Xavier, que fracassou no comando da polícia, levando a capital da República a índices de criminalidade jamais vistos. Também pesa contra ele o fato de ser ligado ao deputado Wellington Luiz (PMDB), denunciado pelo Ministério Público e condenado pelo Tribunal de Justiça por improbidade administrativa.
    Por ter saído candidato a deputado pelo Democratas, obtendo pouco mais de 3 mil votos, o delegado João Carlos Lóssio, por sua vez, é oposição. E nessa altura dos acontecimentos, ninguém em sã consciência apostaria uma ficha na escolha do nome dele. Na melhor das hipóteses, observam analistas em segurança, seria uma temeridade de Rollemberg escolher, entre os três da lista, justamente alguém ligado aos deputados federais eleitos Alberto Fraga (DEM) e Larte Bessa (PR).
    Um quinto nome corre por fora. A exemplo do delegado Plácido Sobrinho, o governador eleito também tem fortes ligações com o delegado Mauro Cézar, que disputou uma cadeira na Câmara Legislativa e surpreendeu até aos mais otimistas quando saiu das urnas com mais de sete mil votos. Mauro Cézar tem fortes laços no seio da Polícia Civil. É adepto da correção e defensor intransigente de uma política de segurança que coloque a sociedade em primeiro lugar, sem que a categoria policial perca o respeito da comunidade.

    Quando Aldir Blac compôs ‘Amigo é prá essas coisas’ em 1970, em parceria com Sílvio Silva, não imaginaria que 45 anos depois deixaria um governador eleito em um dilema. A vida é assim mesmo. A definição do nome para o cargo de diretor da Polícia Civil é uma responsabilidade grande, como de resto a nomeação de toda a equipe de governo. A área é sensível. Exige confiança e fidelidade.

    Somado o nome de Rodrigo Rollemberg aos dos vocalistas Miltinho, Magro, Aquilles e Ruy Faria, a formação original do MPB4 seria 5. Número igual aos que despontam para dirigir a Polícia Civil do Distrito Federal. A lista tríplice é uma mera sugestão e não representa tradição na instituição.
    Se for para parodiar, poderia ser atribuída à categoria a frase “Xavier acabou comigo”. O governador, portanto, pode muito bem sentar os dois nomes que não compõem a lista e lembrar que “apreço não tem preço”. E Plácido Sobrinho e Mauro Cézar se levantariam da mesa da conversa com Rollemberg obrigados a mostrar aos brasilienses que ‘Amigo é prá essas coisas’ e que a polícia não vive ao ‘Deus dará’.

    FONTE: NOTIBRAS