Suécia faz aposta arriscada e não impõe nem quarentena nem isolamento

Com foco na confiança, a Suécia não impõe quarentena ou distanciamento social, mantém comércio e escolas em funcionamento, e aconselha cidadãos a ”assumirem sua responsabilidade”. Autoridades rebatem acusações de colocarem a vida da população em xeque 

Movimentação intensa na Rua Queens, em Estocolmo, capital da Suécia: na contramão da Europa, a nação mantém a rotina
Com um dos sistemas de bem-estar social mais elogiados do mundo, a Suécia contrariou os demais países da Europa e não decretou o distanciamento social como política de governo. Até o fechamento desta edição, o território sueco contabilizava 6.131 casos de novo coronavírus confirmados e 358 mortos; 205 infectados se recuperaram.
O governo sueco se limitou a aconselhar aos cidadãos que cada um “assuma a responsabilidade” e obedeça às recomendações das autoridades. Ante críticas de inação contra a Covid-19, a ministra da Saúde, Lena Hallengren, apressou-se em responder à comunidade internacional sobre o fato de que estaria colocando as vida da população em risco. “Não, não é uma situação normal na Suécia”, declarou.
Entre os países nórdicos, a Suécia é o mais populoso (10,2 milhões de habitantes) e detém as piores estatísticas de avanço do novo coronavírus — a Noruega tinha 5.370 infectados e 59 óbitos; a Dinamarca, respectivamente 3.757 e 139; a Finlândia, 1.615 e 20.

As autoridades pediram aos idosos com mais de 70 anos e às pessoas em grupo de risco que evitem contato com outras pessoas; e instituições de ensino superior também receberam a recomendação de ministrar aulas a distância.

Entre as medidas econômicas adotadas pelo governo do primeiro-ministro Stefan Löfven, está a redução no custo dos planos de saúde. A ministra das Relações Exteriores sueca, Ann Linde, lembrou que “cada um é responsável por seu próprio bem-estar, dos vizinhos e da comunidade. Isso se aplica em uma situação normal e se aplica em tempos de crise.”

Medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Barcelona (1992), Havana (1996) e Sydney (2000), quando jogava pela seleção da Suécia, o treinador de handebol Magnus Andersson, 53 anos, vive com a família em Halmstad, 488km ao sul de Estocolmo. Ele contou ao Correio que a rotina permanece inalterada no país. “O governo se mantém firme na decisão de não impor quarentena ou declarar estado de emergência.

Defende que o sistema de saúde terá capacidade em dar resposta positiva à pandemia se a população mais idosa se resguardar do contágio. Os pessimistas, porém, temem que esteja aberta uma via para o desastre”, disse. “Estou realmente assustado com tudo isso. Nos últimos dias, finalmente o governo decidiu que era proibido visitar os idosos nos asilos. É uma primeira medida, mas, no resto, as crianças seguem indo para a escola.”
Fonte: Correio Braziliense