Organização enxerga um “perigoso padrão de comportamento” por parte da Rússia
O secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, afirmou, nesta terça-feira (23), que a incursão de três caças russos no espaço aéreo estoniano na última sexta-feira (19) não escalou por não representar uma “ameaça imediata”, mas advertiu a Rússia de que a Aliança defenderá “cada centímetro de seu território”.
– As forças da OTAN interceptaram e escoltaram rapidamente as aeronaves sem que houvesse uma escalada, já que não se considerou que existia uma ameaça imediata – disse Rutte em uma entrevista coletiva após uma reunião solicitada pela Estônia para consultas sobre a violação de seu espaço aéreo em 19 de setembro por três aviões russos MiG-31.
O Conselho do Atlântico Norte, o principal órgão de tomada de decisões da OTAN, reuniu-se depois que a Estônia invocou o artigo 4º do Tratado de Washington, que permite a realização de consultas quando um país teme por sua segurança.
Os embaixadores aliados emitiram uma declaração de solidariedade à Estônia e condenaram firmemente as “ações imprudentes da Rússia, que representam uma escalada, acarretam o risco de erros de cálculo e colocam em perigo vidas humanas”.
– Os aliados reafirmaram mais uma vez que nosso compromisso compartilhado com a defesa coletiva é inabalável. Não queremos que a Rússia continue com esse perigoso padrão de comportamento, seja intencional ou não, mas estamos preparados e dispostos a continuar defendendo cada centímetro do território aliado – afirmou Rutte.
O político holandês disse que garantirão que sempre possam se defender e dissuadir quando for necessário:
– Somos uma aliança defensiva, sim, mas não somos ingênuos. Portanto, vemos o que está acontecendo e se é intencional ou não. Se não for intencional, então é uma incompetência flagrante. E, claro, mesmo que seja incompetência, ainda temos que nos defender – comentou.
Rutte explicou que o comandante supremo aliado na Europa (SACEUR), o general americano Alexus Grynkewich, “tem a prerrogativa e a responsabilidade gerais, bem como todas as possibilidades”, em caso de ameaças.
No caso da Estônia, a OTAN mobilizou aviões suecos, finlandeses e italianos “para garantir que esses três MiGs (russos) saíssem do espaço aéreo estoniano”.
– Aconteça o que acontecer, estaremos lá, e isso não nos impedirá de continuar apoiando a Ucrânia, inclusive “com mais vigor e determinação” – advertiu a Moscou.
Rutte assegurou que esse tipo de ameaças e incursões de aviões ou drones russos – como também detectaram recentemente em Finlândia, Letônia, Lituânia, Noruega e Romênia – e a resposta dada pela OTAN demonstram que “o sistema funciona” e que, “se necessário, não hesitaremos” em responder.
Deixou claro que farão “o que for necessário para defender nossas cidades, nosso povo e nossas infraestruturas”, mas esclareceu que “isso não significa que sempre vamos derrubar imediatamente um avião”.
– Como eu disse, avaliaremos a situação em tempo real, com base em critérios claros e em toda a informação de inteligência disponível – acrescentou.
O secretário-geral aliado lembrou que, para reforçar seu lado leste, a Aliança iniciou este mês uma nova operação chamada Sentinela Oriental, enquanto os aliados prosseguem com suas manobras conjuntas “para garantir que estamos preparados para qualquer ameaça”.
Detalhou que “o maior porta-aviões do mundo, o USS Gerald Ford, está na área e realizando exercícios com aliados de todo o continente”, o que “reforça nossa capacidade de operar juntos em diferentes âmbitos e a distância”.
– Este exercício defensivo, planejado há muito tempo e sem relação com os acontecimentos atuais, é muito relevante para a nossa prontidão e capacidade de cumprir o objetivo para o qual a OTAN foi fundada: dissuadir de forma eficaz – concluiu.
No que diz respeito à presença de drones que forçou o fechamento do Aeroporto de Copenhague (e de Oslo), Rutte afirmou que a Dinamarca está avaliando o ocorrido “para se certificar do que está por trás”.
– Estamos em contato próximo a respeito, por isso é muito cedo para dizer qualquer coisa – finalizou.