Jornal apontou que presidente brasileiro tem rebatido seu homólogo dos EUA “em discursos por todo o Brasil”
O jornal estadunidense The New York Times estampou na home de seu site, nesta quarta-feira (30), uma entrevista com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cujo o título diz que “ninguém está desafiando [o presidente dos Estados Unidos, Donald] Trump, como o chefe do executivo brasileiro”. Na publicação, o famoso periódico reportou que o petista deixou claro que “não vai acatar ordens vindas” do republicano.
Dentro do texto, o jornal reiterou a análise feita no título e completou:
– Talvez não haja líder mundial desafiando o presidente Trump com tanta veemência quanto Lula. O presidente do Brasil, um esquerdista em seu terceiro mandato e indiscutivelmente o estadista latino-americano mais importante deste século, tem rebatido Trump em discursos por todo o Brasil. Suas páginas nas redes sociais repentinamente se encheram de referências à soberania do Brasil. E ele passou a usar um boné com os dizeres “O Brasil é dos brasileiros”. Na terça-feira, ele disse que estava estudando tarifas retaliatórias contra exportações americanas caso Trump cumprisse suas ameaças. E afirmou que, se o ataque de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio dos EUA tivesse ocorrido no Brasil, Trump estaria enfrentando um processo judicial, assim como Bolsonaro – enumerou o veículo.
Ao relatar as falas proferidas por Lula ao longo da entrevista, o jornal expôs que o líder brasileiro cobrou “respeito” por parte do chefe da Casa Branca.
– Tenham certeza de que estamos tratando isso com a máxima seriedade. Mas seriedade não exige subserviência. Trato a todos com muito respeito. Mas quero ser tratado com respeito – declarou Lula aos jornalistas recebidos no Palácio da Alvorada, em Brasília, nesta terça-feira (29).
Na conversa, o petista também chamou de “vergonhosas” as ameaças comerciais feitas por Trump por meio de sua plataforma Truth Social.
– O comportamento do presidente Trump se desviou de todos os padrões de negociação e diplomacia. Quando você tem um desentendimento comercial, um desentendimento político, você pega o telefone, marca uma reunião, conversa e tenta resolver o problema. O que você não faz é taxar e dar um ultimato – avaliou.
Disse ainda que um dos motivos apontados pelo presidente dos EUA para a imposição da tarifa de 50% está fora de negociação: o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
– Talvez ele não saiba que aqui no Brasil o Judiciário é independente. Em nenhum momento o Brasil negociará como se fosse um país pequeno contra um país grande. Conhecemos o poder econômico dos Estados Unidos, reconhecemos o poder militar dos Estados Unidos, reconhecemos a dimensão tecnológica dos Estados Unidos. Mas isso não nos assusta. Nos preocupa (…) Nem o povo americano nem o povo brasileiro merecem isso. Porque vamos passar de uma relação diplomática de 201 anos de ganha-ganha para uma relação política de perde-perde. O que está impedindo é que ninguém quer conversar. Todos sabem que pedi para fazer contato – assinalou Lula.
O jornal também mencionou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, um dos pivôs da crise com os EUA. O New York Times afirmou que o magistrado é considerado o “guardião da democracia brasileira por muitos da esquerda, mas seu crescente poder também levantou preocupações sobre se ele próprio representa uma ameaça à democracia”.
