Justiça analisa pagamento de propina a PMs para liberar transporte pirata no DF
Denúncia do MP diz que cinco policiais participavam de organização; grupo lucrava cerca de R$ 30 mil por mês. Defesas dos suspeitos afirmam que vão provar inocência.
Por Renata Zago e Fred Ferreira, TV Globo

Justiça analisa denúncia contra PMs acusados de controlar transporte pirata
A Justiça do Distrito Federal analisa um suposto esquema de propina paga a policiais militares para liberar o transporte pirata em duas regiões – Itapoã e Paranoá.
A TV Globo teve acesso à íntegra do processo que tramita no Tribunal de Justiça. Entre as provas, está uma investigação feita pela inteligência da Polícia Militar, entre 2016 e 2018, sobre o esquema.
Segundo denúncia do Ministério Público, os PMs Ricardo Wagner Borges Caland; Fernando Nonato da Silva; Quirino dos Santos, Leandro Gomes Da Silva, e o major Nelimar Nunes formaram uma organização criminosa com o objetivo de obter vantagens indevidas que quem fazia transporte pirata na capital.
Justiça analisa pagamento de propina a PMs para liberar transporte pirata no DF — Foto: TV Globo/Reprodução
“Constituíram e integraram organização criminosa, com o objetivo de obter indevidas vantagens pecuniárias (propinas) naturezas de loteiros, intermediários e outras pessoas envolvidas com o transporte irregular de passageiros nas regiões do Paranoá e Itapoã/DF”.
Os advogados de defesa dos suspeitos disseram que vão provar inocência dos clientes (veja abaixo).
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Justiça analisa pagamento de propina a PMs para liberar transporte pirata no DF — Foto: TV Globo/Reprodução
Para o MP e a polícia, era o major Nelimar que coordenava o esquema. Como forma de coagir os chamados loteiros, os PMs multavam constantemente os piratas que não aderiam ao pagamento da propina, retendo os documentos deles por tempo prolongado.
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MP denuncia pagamento de propina a PMs para liberar transporte pirata no DF — Foto: TV Globo/Reprodução
Segundo o MP, cada pirata pagava R$ 150 por carro a cada semana. A denúncia aponta ainda que, para não chamar atenção, o pagamento para os PMs era feito em comércios do Itapoã. Os policiais recolhiam o dinheiro usando ps carros da corporação.
Ainda de acordo com a denúncia, os piratas que aderiam ao esquema circulavam livremente pelas duas regiões administrativas do DF. Pelo menos 50 loteiros participavam da fraude – o que, para o Ministério Público – rendia cerca de R$ 30 mil por mês à organização criminosa.
Conversas telefônicas
A denúncia é baseada em conversas telefônicas gravadas com autorização da Justiça. Em uma delas, Evandro – citado como um dos loteiros do suposto esquema – conversa com o sargento Fernando Nonato durante uma fiscalização.
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Justiça analisa pagamento de propina a PMs para liberar transporte pirata no DF — Foto: TV Globo/Reprodução
Os cinco policiais militares foram presos em setembro de 2018. No entanto, em fevereiro deste ano, a Justiça decidiu soltá-los, mas com algumas restrições – como usar tornozeleiras eletrônicas por 90 dias e ficar em casa à noite nos fins de semana.
O porte de armas também foi suspenso e eles ficaram proibidos de se comunicar com testemunhas e ex-colegas de batalhão. Todos foram afastados do policiamento ostensivo, devendo trabalhar na área administrativa da corporação – longe da unidade do Paranoá.
O que dizem as defesas
A defesa do sargento Fernando Nonato respondeu que não há envolvimento dele no suposto esquema e que as testemunhas, em acareação, não reconheceram o militar, que já está na reserva.
A advogada do sargento Ricardo Calend disse que vai provar a inocência dele e que o militar “sempre foi um profissional zeloso, correto e jamais teria condutas ilegais”.
A defesa do soldado Leandro Gomes afirmou que houve falhas no inquérito, que o policial “é muito atuante”, e que espera a conclusão da fase de perícia nos bens apreendidos para apresentar as alegações finais.
A reportagem não conseguiu localizar os advogados do sargento Valdemir Quirino e do major Nelismar.
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