IBGE: Servidores exigem saída de presidente indicado por Lula

Marcio Pochmann é alvo de críticas ferozes dos trabalhadores do instituto

O Sindicato Nacional dos Servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Assibge-SN), convocou, nesta sexta-feira (20), os trabalhadores a aderirem a um ato de protesto “contra as medidas autoritárias” do atual presidente do IBGE, Marcio Pochmann, que dirige o instituto desde agosto de 2023 após ser indicado pelo presidente Lula (PT). Entre os pontos, os trabalhadores exigem a demissão do gestor

A manifestação foi aprovada em assembleia por servidores do IBGE lotados na unidade da Avenida Chile, no Centro da capital fluminense. O ato de rua foi marcado para a próxima quinta-feira, 26 de setembro, às 10h, em frente à sede do IBGE no Rio de Janeiro, na Avenida Franklin Roosevelt.

– O ato exigirá que o presidente do IBGE, Marcio Pochmann, altere o comportamento autoritário que tem marcado suas ações recentes e estabeleça um real processo de diálogo com os servidores em relação às diversas alterações em curso no Instituto (mudança no regime de trabalho, transferência para o prédio do Serpro no Horto, criação de uma Fundação de Direito Privado, alteração do estatuto, entre outras) – disse o Assibge-SN.

Segundo a entidade que representa os trabalhadores, a manifestação se alinha a uma deliberação já aprovada anteriormente pelo sindicato, em reunião entre a Executiva Nacional e Núcleos Sindicais da Assibge, realizada no último dia 13 de setembro, no Rio de Janeiro. Na ocasião, os integrantes do sindicato concluíram pela “necessidade de responder às ações da presidência com uma manifestação”.

– Dessa forma, o sindicato convida todos os servidores e servidoras para participaram do ato – relatou a entidade.

A Assibge tem reagido com frequência a declarações e medidas de Pochmann, que vêm provocando insatisfação crescente entre o corpo técnico. Os trabalhadores alegam falta de diálogo prévio e de tempo hábil de adaptação em mudanças como a portaria que altera o regime de trabalho no instituto, de remoto para híbrido

Outra ação que gerou insatisfação foi o anúncio de mudança no local de trabalho de servidores, que seriam deslocados para outros bairros. Servidores abriram um abaixo-assinado online contra a transferência da unidade do IBGE da Avenida Chile, no Centro do Rio, para o prédio do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), no bairro do Horto, na Zona Sul.

O Assibge empenhou ainda esforços para obter esclarecimentos sobre a criação, em 12 de julho deste ano, pela atual direção do IBGE, de uma fundação pública de direito privado chamada “IBGE+”. Segundo o sindicato, a existência da nova entidade foi divulgada aos trabalhadores quase dois meses depois, apenas em 9 de setembro, “de maneira panfletária e superficial”.

O sindicato alerta ainda que o estatuto da nova fundação permite contratação de funcionários pela CLT e obtenção de financiamento por contratos, convênios, acordos de parcerias e outros instrumentos congêneres celebrados com o poder público e com a iniciativa privada.

SERVIDORES PEDEM SAÍDA DE POCHMANN
Diante do cenário caótico, os funcionários do instituto também publicaram uma carta intitulada “Declaração Pública dos Servidores do IBGE”, na qual reforçam que a postura do atual gestor “coloca em risco a autonomia do IBGE e sua credibilidade como fonte confiável de dados estatísticos”, criticam as viagens “frequentes e excessivas” do presidente do órgão e pedem, por fim, a exoneração do dirigente.

– Diante dessa gestão centralizadora e autoritária, que tem tomado decisões sem diálogo, ignorando as demandas dos servidores e comprometendo a autonomia e a missão do IBGE, declaramos que não podemos mais tolerar essa situação. Assim, os servidores do IBGE manifestam publicamente seu desejo pelo fim do mandato do atual presidente, Marcio Pochmann – completam.

*Com informações AE