Líder máximo da facção com berço em São Paulo também costuma ler livros. Entre eles, Crônicas de Gelo e Fogo
Patric Velinton Salomão, o Forjado, faz especialização em atendimento ao público. Indicado por Marcola, Forjado assumiu posto de liderança entre 2017 e 2018. Sentenciado a 15 anos, cumpre pena por tráfico e associação de drogas, porte ilegal de arma, formação de quadrilha, roubo e homicídio.
Cláudio Barbará da Silva, outro integrante da cúpula, faz curso de inglês. Nas ruas, exercia função de confiança. Contava com um elevado poder de decisão e chegou a determinar ataques em diversos estados.
Antônio José Müller Júnior, o Granada, se dedica a aprender direito constitucional. Condenado pela Justiça de São Paulo a 30 anos de prisão por corrupção ativa e pelo fato de integrar o PCC, ele é considerado membro da alta cúpula da facção criminosa paulista. De acordo com o Ministério Público de SP, cabia a Granada coordenar o “Conselho Deliberativo” do grupo.
Condenado a uma pena que ultrapassa 300 anos, o líder do PCC também dedica o tempo na prisão à leitura de livros. Atualmente, Marcola tem à disposição a saga As Crônicas de Gelo e Fogo. Ele dispõe de três livros escritos por George R. R. Martin. A narrativa serviu como base para a série Game of Thrones (A Guerra dos Tronos).
Outra obra disponível na cela de Marcola é A Colaboração: O Pacto entre Hollywood e o Nazismo, em que o escritor Ben Urwand conta que, para continuar a fazer negócios na Alemanha após a ascensão de Hitler ao poder, os estúdios de Hollywood concordaram em não produzir filmes que atacassem os nazistas ou que condenassem a perseguição aos judeus.
Os textos que tratam sobre guerras, estratégias políticas e violência estão entre os mais consumidos pela cúpula do PCC. Atualmente, Patric Salomão, o Forjado, está lendo A Eleição Disruptiva: Por que Bolsonaro venceu, de Juliano Corbellini e Maurício Moura. Trata-se de uma análise da eleição presidencial de 2018 e do cenário político atual. Outro livro escolhido por ele se chama Ilíada, que narra acontecimentos decorridos na Guerra de Tróia.
Além de A Escravidão, Sérgio de Arruda Quintiliano, o Minotauro, está focado em Ramsés, uma série de livros que retratam, com caracteres biográficos e fictícios, a vida do Faraó Ramessés II, bem como os costumes de vida dos egípcios dessa época. Antônio Müller preferiu 1984, Ascensão e Queda, O Forte e Simplesmente Mujica.
Minotauro foi indicado ao posto de liderança do PCC por Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, considerado o principal sócio em investimentos e propriedades de Marcola no Paraguai. Fuminho também é apontado como o responsável por um possível plano de resgate do Marcola em Brasília, revelado pelo Metrópoles em janeiro.
O Metrópoles também teve acesso ao cardápio dos integrantes do PCC detidos em Brasília. Eles têm seis refeições diárias: o café da manhã, servido às 6h15, conta com leite integral, café e pão francês com margarina e uma fruta.
No almoço, liberado às 11h15, os detentos comem arroz, feijão, farinha, legumes, salada verde e carne, que, dependendo do dia, pode ser branca ou vermelha.
O lanche da tarde e o jantar são oferecidos no mesmo horário, às 17h15. O primeiro fornece aos apenados biscoito de água e sal e margarina e o segundo, os alimentos disponíveis no almoço, além de sobremesa e um copo de suco.
Em dezembro de 2019, a ação de criminosos que pretendiam libertar o chefe da facção foi revelada pelo Metrópoles. A suspeita fez com que os ministérios da Justiça e da Defesa fechassem acordo para intensificar a segurança do complexo, localizado em São Sebastião.
Militares do Exército Brasileiro foram direcionados para a penitenciária de segurança máxima, onde ficaram de prontidão, com carros blindados. As informações sobre o plano de resgate partiram de São Paulo.
O estado é berço da facção criminosa. Marcola foi transferido para a capital federal em março, sob forte aparato policial.
De acordo com informações, os criminosos estariam aguardando o aval de um bandido chamado Fuminho para colocar o plano de resgate em prática. O PCC teria reunido um verdadeiro exército, incluindo pessoas com conhecimento militar e de armamentos.
A facção já teria mapeado os arredores do complexo penitenciário em Brasília com o uso de drones.
Desconforto
Uma das consequências da transferência de Marcola para Brasília é o mal-estar na relação entre o governo local e o Ministério da Justiça. O governador Ibaneis Rocha (MDB) entrou no debate e criticou publicamente o ministro Sergio Moro.
“Ele veio da republiqueta de Curitiba, isso todo mundo sabe. Mas, agora, é ministro e precisa entender que não está mais lá. Ele mora na capital do país”, disparou o titular do Palácio do Buriti.
O Presídio Federal de Brasília foi inaugurado em outubro de 2018. Os três primeiros detentos a ocuparem a penitenciária integram o PCC. A carceragem de segurança máxima conta com 50 celas individuais erguidas em uma estrutura de concreto armado e monitoramento 24 horas por dia. Fonte:Metrópoles