DF inaugura primeira biofábrica de mosquito Wolbito para combater doenças

(Fotos: Lucio Bernardo Jr/Agência Brasília)
(Fotos: Lucio Bernardo Jr/Agência Brasília)

Unidade poderá produzir 600 milhões de mosquitos por mês para reduzir transmissão de arboviroses

O Governo do Distrito Federal (GDF) inaugurou, nesta terça-feira (9), a primeira biofábrica de mosquito Wolbito da capital, localizada no Guará, com investimento de R$ 400 mil. O local será responsável pela criação e liberação controlada do Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, que impede o desenvolvimento dos vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela.

Com capacidade inicial para produzir mais de 600 milhões de mosquitos por mês, o Núcleo Regional de Produção Oswaldo Paulo Forattini – Método Wolbachia será um reforço estratégico no combate às arboviroses, especialmente com a chegada do período chuvoso, quando há aumento da proliferação do Aedes aegypti.

“Hoje damos mais um passo importante na luta contra a dengue. A população do DF será a maior beneficiada, pois queremos um Distrito Federal livre dessas doenças”, destacou a governadora em exercício Celina Leão durante a inauguração.

As primeiras liberações ocorreram já nesta manhã, com 22 equipes em campo. O método não envolve alteração genética do inseto e não oferece riscos à saúde humana ou animal, já que a bactéria Wolbachia não é transmitida para pessoas ou mamíferos, como gatos e cachorros.

Áreas atendidas no DF e Entorno

Inicialmente, a distribuição dos mosquitos será feita em dez regiões administrativas do DF:

  • Planaltina
  • Brazlândia
  • Sobradinho II
  • São Sebastião
  • Fercal
  • Estrutural
  • Varjão
  • Arapoanga
  • Paranoá
  • Itapoã

Além disso, Luziânia e Valparaíso, em Goiás, também receberão os Wolbitos devido à alta incidência histórica de casos de dengue.

Segundo o secretário de Saúde, Juracy Lacerda, a iniciativa fortalece a resposta do DF diante de epidemias recorrentes:

“Esse processo é seguro e autossustentável, além de reduzir o uso de venenos no combate ao mosquito. Em outras cidades do Brasil e do mundo, a tecnologia já demonstrou uma redução de até 70% na incidência da dengue.”

Como funciona a produção do Wolbito

  1. Ovos encapsulados chegam de Curitiba (PR) à biofábrica.
  2. Eles são colocados em potes com água e alimento, em ambiente com temperatura controlada (30ºC).
  3. Em sete a 14 dias, os ovos se transformam em mosquitos adultos.
  4. Os recipientes são transportados em caixas e levados aos pontos estratégicos definidos pela Secretaria de Saúde.
  5. Após a soltura, os Wolbitos se reproduzem com mosquitos selvagens, espalhando a Wolbachia nas próximas gerações.
  6. Quando um macho infectado cruza com uma fêmea não infectada, os ovos não eclodem, ajudando a reduzir a população transmissora.

Estratégia nacional

Ovos dos wolbitos vêm de Curitiba-PR e chegam ao Distrito Federal já encapsulados. “Mosquitos amigos” serão soltos em pontos estratégicos

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que a iniciativa integra uma estratégia nacional de combate às arboviroses:

“Com essa tecnologia, já registramos redução de 69% dos casos de dengue em experiências anteriores. Agora, começaremos no DF e Entorno, impactando cerca de 700 mil pessoas inicialmente.”

Ele também anunciou um Dia D nacional de mobilização, incentivando a população a manter os cuidados tradicionais de prevenção, como eliminar água parada em casas, ruas e quintais.