Jornal publicou um editorial sobre o tema
O jornal O Estado de S. Paulo, que torna públicas suas opiniões sobre diversos assuntos por meio de recorrentes editoriais, expôs sua avaliação em torno do episódio de intimação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Em texto intitulado Circo na UTI, o periódico inicia criticando o próprio líder conservador por, de acordo com o jornal, transformar o quarto de UTI “em picadeiro político” ao conceder entrevista por vídeo a uma rede de televisão e participar de uma live com os filhos.
Contudo, não hesita em criticar também o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que mandou uma oficial de Justiça até o ambiente hospitalar para realizar a intimação do ex-chefe do Executivo, após as transmissões.
Para o Estadão, a atitude serve de munição para Bolsonaro e seus aliados sustentarem seus argumentos de que o Brasil estaria vivendo uma ditadura do Judiciário, ideia da qual o jornal discorda.
– O inesperado, nesse caso, é que um ministro da Suprema Corte brasileira alimente um quiproquó que só interessa a Bolsonaro e seus aliados liberticidas que se utilizam da falsa ideia de uma ditadura do Judiciário para justificar seus atos indisfarçavelmente antidemocráticos. Não havia motivo aparente que impedisse o ministro Moraes de aguardar que o réu em questão recebesse alta do hospital para, enfim, intimá-lo – analisou.
Na avaliação do veículo de imprensa, Moraes tem demonstrado uma atitude maniqueísta e se posicionado como “plenipotenciário guarda-costas do Estado Democrático de Direito”.
– Convicto de sua condição de plenipotenciário guarda-costas do Estado Democrático de Direito, o ministro Moraes não parece afeito a tais cuidados. Com seu modus operandi de modular as ações como se estivesse numa luta do “bem” contra o “mal”, sendo o “bem” obviamente representado por aqueles que prezam a democracia, liderados pelo STF, o ministro reagiu de bate-pronto ao esforço palanqueiro de Bolsonaro – adicionou.
Por fim, o Estadão observou que quem saiu prejudicada foi a imagem da mais alta Corte do país.
– Se observada a estrita letra da lei, segundo informa o artigo 244 do Código de Processo Civil, a citação só seria evitada em caso de doente em estado grave – o que não parece ser o caso de Bolsonaro, ainda que seu problema de saúde seja sério. Mas se observada outra lei, a do bom senso, o ministro Moraes teria feito um exame mais profundo das circunstâncias e das consequências da decisão. Preferiu, no entanto, a birra. Pior para a imagem do Supremo – finalizou.
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