O governador de Goiás e pré-candidato à Presidência em 2026, Ronaldo Caiado (União Brasil), anunciou nesta terça-feira (5) a obstrução total das atividades do União Brasil no Congresso Nacional, em conjunto com o Partido Liberal (PL) e o NOVO. A medida visa pressionar o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), a pautar o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, além de exigir a votação de projetos de anistia para os presos pelos atos de 8 de janeiro de 2023.
A obstrução ocorre em resposta às recentes sanções americanas contra Moraes, impostas pelo Office of Foreign Assets Control (OFAC) sob a Lei Magnitsky, que o acusam de violações de direitos humanos no Inquérito 4781 (fake news) e no Inquérito 4874 (tentativa de golpe). A decisão do STF de impor prisão domiciliar ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com uso de tornozeleira eletrônica, também intensificou as críticas da oposição, que alega perseguição política. O PL, liderado por deputados como Sóstenes Cavalcante (RJ), e o NOVO, representado pelo senador Eduardo Girão (CE), já protocolaram pedidos de impeachment contra Moraes, somando-se a 29 petições no Senado.
Caiado, que já havia se distanciado do discurso bolsonarista em março, mudou de tom após as sanções dos EUA e a prisão de Bolsonaro, afirmando que as ações de Moraes representam “abusos contra a democracia”. Em entrevista à Veja, ele defendeu a obstrução como forma de “restaurar a normalidade institucional” e criticou o governo Lula por polarizar o debate em torno do 8 de janeiro. O PL, por sua vez, intensificou o discurso, com o senador Rogério Marinho (PL-RN) exigindo a “imediata abertura do impeachment” para evitar uma crise política e econômica.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), enfrenta pressão para pautar a anistia, mas tem resistido, alegando que a medida poderia gerar instabilidade. No Senado, Alcolumbre sinalizou que os pedidos de impeachment serão analisados tecnicamente, mas não há maioria para avançar com a destituição de um ministro do STF, que exige 54 votos. A obstrução dos três partidos, que juntos detêm 26 senadores, pode paralisar pautas legislativas, mas analistas apontam dificuldades para alcançar os votos necessários para o impeachment.