BR-020 é a que mais mata no DF. Veja rodovias com maior número de acidentes de trânsito
Apesar de 2020 ter contado com menos carros nas ruas, devido à pandemia, quase não houve redução em número de ocorrências
André Borges/Especial para o Metrópoles
Utilizada tanto por aqueles que desejam sair do Plano Piloto para chegar a Sobradinho e Planaltina como por quem viaja em direção ao Nordeste do Brasil, a via é frequentemente alvo de chamados de socorro. Em 2020, 392 pessoas ficaram feridas em decorrência de sinistros ocorridos na rodovia.
Neste ano, a tendência continua. Em um caso recente, uma caminhonete colidiu com uma rocha do canteiro central da BR-020, deixando quatro pessoas feridas. Outra ocorrência terminou em morte, quando uma mulher colidiu com um poste, na altura de Planaltina.
![Bombeiros atendem vítima de acidente](https://uploads.metropoles.com/wp-content/uploads/2020/12/03075734/cmbdf4.jpeg)
CBMDF/ Divulgação
![Bombeiros socorrendo vítima de acidente](https://uploads.metropoles.com/wp-content/uploads/2020/12/03075504/cbmdf-13.jpeg)
Acidente com caminhonete deixou 4 feridosCBMDF/ Divulgação
![Bombeiros atendem vítima de acidente](https://uploads.metropoles.com/wp-content/uploads/2020/12/03075730/cbmdf3-3.jpeg)
CBMDF/ Divulgação
![Bombeiros atendem vítima de acidente](https://uploads.metropoles.com/wp-content/uploads/2020/12/03075734/cmbdf4.jpeg)
Para Pamela Vieira, chefe da comunicação da PRF, a concentração de acidentes graves e mortes nesta parte do DF é devido à característica urbana de uma via de alto movimento.
“É a história da cidade sendo cortada por rodovia. As pessoas atravessam a rua, os carros atravessam todas as faixas para tentar pegar o retorno… Por isso a maioria das colisões que temos por lá é lateral”, explica.
Outro problema é a velocidade. Mesmo com radares, a maioria dos condutores só retira o pé do acelerador quando vê o conhecido pardal.
“Depois disso, já aceleram de novo. Há trechos de aclive e declive, nos quais os motoristas não reduzem. Infelizmente não conseguimos dar conta de fiscalizar toda a extensão dela. Precisamos que as próprias pessoas tenham noção do perigo”, afirma Pamela Vieira.
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André Borges/Especial para o Metrópoles
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Não é raro ver pessoas atravessando a pista correndo na BR-020André Borges/Especial para o Metrópoles
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Congestionamentos também são frequentesAndré Borges/Especial
A segunda rodovia em número total de acidentes e mortes, mas primeira na média por quilômetro dentro do DF, é a BR-070, que segue para a parte oeste da capital. Foram oito mortos e 283 feridos em 2020, em trecho bem menor comparado à 020, apenas 14 quilômetros.
Neste caso, a PRF identificou que o trecho do Km 00 ao 10, entre Estrutural e Setor O, como ponto crítico. Conforme explica Pamela, a fiscalização não vinha sendo suficiente.
“Os principais acidentes eram do tipo colisão traseira, colisão lateral, saída de pista e colisão transversal. Fizemos uma análise e propusemos uma parceria com o DER [Departamento de Estradas de Rodagem] para efetuar a reversão das faixas no sentido contrário, nos horários de pico”, detalha.
A ação foi posta em prática e, no trecho da reversão, ocorrida em outubro, houve redução de 53,85% no total de acidentes e de 64,29% na quantidade de feridos.
Confira os dados:
Número de acidentes quase igual a antes da pandemia surpreende
Outro dado que chama atenção no levantamento é a redução ínfima do número de acidentes entre 2019 e 2020, um ano que contou com grande redução de veículos nas ruas após o surgimento do novo coronavírus.
Foram 1.089 acidentes num ano e 1.040 no seguinte, respectivamente. Os custos das ocorrências registradas no ano passado foram calculadas em R$ 137 milhões pela Confederação Nacional do Transporte (CNT).
Mônica Velloso, ex-diretora geral do DER-DF e professora de Transportes e Meio Ambiente do UniCeub, diz que esperava uma diferença maior com a pandemia, mas lista variáveis que podem ter interferido nos registros de sinistros.
“Se o volume de veículos diminuiu, a velocidade de quem ainda trafegava pode ter aumentado e causado mais acidentes. Ou então, foram menos carros de passeio, mas as motos podem ter aumentado a participação nesses casos, pelo alto número de entregas”, sugere.
Segundo o diretor executivo da CNT, Bruno Batista, se por um lado os acidentes não apresentaram redução expressiva, as mortes tiveram queda considerável. O total de óbitos é o menor registrado desde 2007, segundo levantamento da entidade. “Saiu de 54 em 2019 para 39 no ano passado. Os acidentes, pelo menos, foram menos graves”, ressalta.
O que diz o Dnit
Procurado, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), responsável pela fiscalização das rodovias federais, informou empregar “uma abordagem que envolve engenharia, educação e aplicação das leis”.
Na área de engenharia, o órgão diz que os projetos de implantação e manutenção das rodovias federais têm por premissa “a segurança e o conforto dos usuários”. Isso, segundo a nota enviada ao Metrópoles, “se traduz em obras de duplicação, eliminação de pontos críticos” e outros.
Do ponto de vista da educação, o foco é em “ações educativas nas rodovias e nas escolas localizadas próximo à rodovias. Também participa de campanhas como o Maio Amarelo, Semana Nacional do Trânsito e blitz educativas”.
Por fim, do ponto de vista da aplicação das leis, o DNIT “fiscaliza excesso de velocidade e de peso nas rodovias federais sob sua administração.”
Fonte: Metropoles